O mundo do tênis amanheceu mais triste nesta segunda-feira com a notícia da morte de Nikola Pilić, estrela do tênis croata e importante personagem da história do esporte, que faleceu aos 86 anos, conforme comunicado oficial da Federação Croata de Tênis.

Pilić teve uma carreira vitoriosa como jogador, conquistando um título de Grand Slam nas duplas do US Open em 1970 — uma das maiores conquistas do tênis mundial. Além disso, ele brilhou ao chegar à final das duplas em Wimbledon, em 1962, e foi vice-campeão de um dos torneios mais prestigiosos do circuito, o Aberto da França (Roland Garros), em 1973, na categoria simples.

No entanto, Pilić também é lembrado por seu papel fundamental em um dos momentos mais marcantes da história do tênis: o boicote a Wimbledon de 1973. Naquele ano, ele foi acusado pela federação da ex-Iugoslávia de se recusar a jogar uma partida da Copa Davis contra a Nova Zelândia, acusação que negava. Como consequência, foi suspenso pela Federação Internacional de Tênis e teve o direito de disputar Wimbledon retirado.

Em solidariedade ao croata, 81 dos principais tenistas da época, entre eles 12 dos 16 cabeças de chave, decidiram não disputar o torneio no All England Club, marcando um dos maiores protestos coletivos da história do tênis.

Durante sua carreira, Pilić conquistou nove títulos em simples e chegou ao sexto lugar no ranking mundial, um feito muito expressivo para a época. Após sua aposentadoria das competições, em 1978, ele dedicou-se ao trabalho como treinador, transformando-se em uma lenda também fora das quadras.

Como técnico, Nikola teve um sucesso impressionante, liderando a conquista da Copa Davis por três países diferentes: Alemanha (1988, 1989 e 1993), Croácia (2005) e Sérvia (2010). Um recorde que mostra toda sua habilidade em formar times campeões.

Além disso, criou uma academia de tênis próxima a Munique, na Alemanha, que revelou talentos que dominaram o esporte nos anos seguintes. Entre os jogadores que passaram pela sua orientação estão Michael Stich, ex-número um do mundo, o letão Ernests Gulbis e, especialmente, Novak Djokovic, que desde criança recebeu a orientação e o apoio de Pilić.

Djokovic, considerado um dos maiores jogadores da história do tênis, sempre destacou Nikola Pilić como seu “pai do tênis” e um verdadeiro mentor.

“Nikola é meu pai do tênis, um mentor. Um homem que compartilhou seu conhecimento e experiência comigo, não só sobre tênis, mas sobre a vida”, disse Djokovic em declarações anteriores.

O carinho da família Filić também marcou a trajetória de Djokovic, que foi recebido de braços abertos na academia na Alemanha pelo próprio Nikola e sua esposa, Mija, que o tratou como filho.

A perda de Nikola Pilić representa o fim de uma era e deixa um legado inesquecível para o esporte, com influência direta em áreas tão distintas quanto a luta por direitos dos atletas, o desenvolvimento técnico do tênis e a formação de campeões mundiais.

Que seu exemplo inspire as próximas gerações dentro e fora das quadras.

Fonte: The Sun