A temporada de 2025 no circuito ATP tem sido uma das mais difíceis e peculiares na carreira do americano Tommy Paul. Apesar de perder muito tempo por conta de lesões e doenças, o jovem tenista conseguiu atingir sua melhor posição no ranking mundial, chegando ao 8º lugar em junho.
Mas poucos sabiam o quão séria era a lesão no pé de Paul — e como ela poderia ter sido evitada. O treinador do americano, Brad Stine, contou essa história recentemente no podcast Inside-In com Mitch Michals. Confira aqui os principais pontos que ele compartilhou sobre a situação do atleta.
Problemas já no Saibro
Após a derrota para Jack Draper no Masters de Madrid, a equipe de Paul resolveu passar mais alguns dias na Espanha antes de ir para o Masters de Roma. Durante um dia de descanso, quando ninguém estava nas quadras, toda a bolsa de equipamentos de Paul no vestiário desapareceu — inclusive seus tênis e as palmilhas ortopédicas personalizadas que ele usava há muito tempo.
“Não acho que ninguém fez nada desonesto, mas todas as coisas dele sumiram do armário, incluindo tênis e palmilhas”, contou Stine. Sem suas palmilhas já adaptadas, Paul teve que usar um par novo e sentiu um desconforto logo no primeiro dia de treino.
Mesmo com acompanhamento do fisioterapeuta Sebastian Cozzarin, a dor aumentou durante a temporada de saibro. Paul chegou a liderar por 6-1 contra Jannik Sinner no Masters de Roma, mas acabou perdendo a partida. Apesar do bom desempenho, a preocupação com lesões já começava a afetar a equipe.
Ao chegar em Paris para Roland Garros, um exame de ressonância revelou problemas no tendão peroneal longo — um tendão longo que atravessa a lateral do pé e causava muita dor, especialmente na partida de cinco sets contra Márton Fucsovics na segunda rodada do Grand Slam francês.
Incrivelmente, Paul seguiu jogando com a dor e venceu até a terceira rodada contra Karen Khachanov. “Se você assistir os melhores momentos daquela partida, dificilmente acreditaria que ele conseguiria continuar competindo”, comentou Stine.
Paul eliminou Khachanov e Alexi Popyrin antes de perder para Carlos Alcaraz nas quartas de final. Porém, os problemas no pé estavam longe do fim.
Temporada na Grama e a Ruptura do Tendão
Alcançar o 8º lugar do ranking em junho foi um marco na carreira de Tommy Paul, mas ele não conseguiu defender o título do Queen’s Club, um dos torneios tradicionais na grama.
No torneio de Eastbourne, outra eliminação precoce na primeira rodada alertou a equipe para a persistência da lesão. Uma nova ressonância em Londres confirmou o problema no tendão peroneal longo.
Durante Wimbledon, no segundo round contra Sebastian Ofner, Paul sofreu uma ruptura total desse tendão ao estender demais o pé durante um saque no momento em que o jogo estava empatado em 5 a 5.
“Mais uma vez, pensamos que ele teria que abandonar o torneio”, lembrou Stine. “Mas quando o treinador chegou à quadra, ele já estava dando sinal positivo com o polegar e dizendo que estava se sentindo bem, mesmo sem entender direito o que havia acontecido.”
Recuperação e Volta Complicada na América do Norte e Ásia
De volta aos Estados Unidos, Paul consultou um médico que explicou que ele praticamente passou por um tratamento autônomo, pois se não tivesse rompido o tendão, o médico teria feito um procedimento cirúrgico logo após Wimbledon.
Apesar disso, o pé ainda precisou de cuidados, com uso de bota ortopédica por cerca de 10 dias e injeções para diminuir o inchaço. Paul retomou os treinos e, por isso, acabou perdendo algumas competições importantes no verão norte-americano, só retornando às quadras em Cincinnati.
Desde Wimbledon, o americano disputou apenas cinco partidas, com três vitórias e duas derrotas. Em Cincinnati e no US Open, caiu nas terceiras rodadas, sendo sua última partida uma derrota para Alexander Bublik no dia 30 de agosto.
Além dos problemas com o pé, Paul enfrentou uma forte gripe que, segundo Stine, foi adquirida em Acapulco e se prolongou até Indian Wells, atrapalhando ainda mais sua performance.
“Essa temporada tem sido estranha pra caramba. Teve seus bons e maus momentos, mas certamente está sendo uma das mais complicadas para nós”, concluiu o treinador.
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Fonte: Sports Illustrated