Taylor Townsend viveu momentos de emoção e superação no US Open 2025. Em uma partida histórica no estádio Arthur Ashe, sob as luzes da noite, a americana de 29 anos venceu a cabeça de chave número 5, a jovem russa Mirra Andreeva, por 7-5, 6-2, garantindo seu lugar na quarta rodada do Grand Slam de Nova York pela primeira vez desde 2019, igualando seu melhor desempenho em um torneio desse porte.

Townsend, que é número 1 do mundo nas duplas mas estava fora do top 100 no ranking simples, mostrou uma performance de alto nível. Após um começo nervoso, a americana se recuperou rapidamente para vencer quatro dos cinco primeiros games do primeiro set. No segundo, mesmo tendo seu serviço quebrado no início, dominou o jogo, avançando diversas vezes à rede e se alimentando da energia da torcida animada para fechar o duelo em 76 minutos.

Essa vitória representou sua terceira vitória em toda a carreira sobre uma jogadora do top 10 — ela já havia derrotado Simona Halep, em 2019, e Jessica Pegula, em Roma no ano passado. Taylor, que é originalmente da Geórgia (EUA) e foi número 1 juvenil do mundo, conseguiu se reinventar ao longo dos anos, especialmente nas duplas, acumulando títulos importantes como Wimbledon e Australian Open com sua parceira Katerina Siniakova.

Em números, a americana venceu 21 dos 29 pontos jogados na rede, convertendo 23 winners contra apenas 6 de Andreeva. Ao finalizar o confronto, celebrou emocionada: “Meu Deus, isso é incrível. Bem-vindos ao show.”

Além da conquista na quadra, a trajetória de Taylor no torneio ganhou ainda mais atenção após ela revelar que, depois da vitória contra Jelena Ostapenko na segunda rodada, a letã a teria ofendido dizendo que Taylor “não tem classe” e “não tem educação” – comentários que Ostapenko definiu como reação a uma bola que tocou a fita da rede e que Townsend não teria pedido desculpas por isso. O caso causou uma grande discussão sobre racismo no tênis.

“Quero agradecer a todos que me apoiaram nessas últimas 48 horas. Isso é muito maior do que eu. É sobre mensagem, representação, sobre ter coragem e ser você mesmo. E eu fiz isso hoje. Vocês viram a verdadeira Taylor Townsend esta noite”, afirmou Taylor para a torcida na Arthur Ashe Stadium.

Jogadoras como Coco Gauff e Naomi Osaka também se posicionaram publicamente ao lado de Townsend, com Osaka classificando o comentário de Ostapenko como “uma das piores coisas que você pode falar para uma jogadora negra em um esporte que é majoritariamente branco”. Townsend comentou que lidar com toda a repercussão está sendo mais tranquilo do que se imagina: “Não tem sido difícil. Eu disse para meu time que sou feita para lidar com esse tipo de situação. Não precisei defender o que disse porque falei a verdade. Quando é hora de jogar, a gente joga e corresponde. Isso é profissionalismo: saber deixar tudo de lado e focar no que importa.”

Essa polêmica tocou também em um outro momento delicado na carreira de Townsend. Em 2012, quando era a principal juvenil do mundo com 16 anos, a USTA (Associação de Tênis dos Estados Unidos) a impediu de competir na chave feminina do US Open, negando wild cards para a fase classificatória e principal devido a preocupações com sua condição física. Na época, essa decisão causou críticas de grandes nomes como Serena Williams, Martina Navratilova e Lindsay Davenport. A situação levou Townsend a sair do programa da federação americana e buscar uma nova trajetória sob a orientação da ex-tenista Zina Garrison.

Agora, vendo seu nome sair do “não pronta” para desafiar uma das revelações mais promissoras do tênis mundial no palco mais importante, Taylor prova que sua resiliência é seu maior trunfo.

Para a jovem russa Mirra Andreeva, de apenas 18 anos e tida como uma futura campeã de Grand Slam, a derrota marca o fim de uma sequência impressionante na temporada, na qual ela alcançou a segunda semana em todos os três primeiros majors do ano, além de quartas de final em Roland Garros e Wimbledon. Apesar dos títulos importantes de WTA 1000 em Dubai e Indian Wells, Andreeva não conseguiu acompanhar o ritmo e a energia da torcida ao lado de Taylor.

Na próxima rodada, Townsend enfrentará a tcheca Barbora Krejcikova, que surpreendeu ao eliminar a décima cabeça de chave Emma Navarro em um duelo de três sets na sexta-feira. Para uma jogadora que tem conquistado cada vez mais admiradores, especialmente nas redes sociais, esse confronto é uma oportunidade de mostrar ainda mais seu talento para um público crescente.

Em suas palavras, ela diz: “Para muita gente, essa pode ser a primeira vez que sabem quem é Taylor Townsend. Agora, eles podem me ver, acompanhar minha jornada e entender como cheguei até aqui. Acho isso demais. Estou simplesmente sendo eu mesma, e acho que as pessoas gostam disso. Eu me acho legal e engraçada, e isso é o que importa.”

Na mesma noite, o americano Taylor Fritz, quarto cabeça de chave, venceu o suíço Jerome Kym em uma batalha de quatro sets no estádio Armstrong. Com eliminações recentes de Ben Shelton e Frances Tiafoe, Fritz e Tommy Paul são os últimos americanos na chave masculina de simples, com Paul se preparando para enfrentar Alexander Bublik no sábado.

Fonte: The Guardian