Nesta semana inesquecível para o tênis, o francês Terence Atmane, atualmente número 136 do mundo, surpreendeu a todos ao alcançar as semifinais do Masters 1000 de Cincinnati, um dos torneios mais prestigiados da temporada e preparatório para o US Open, em quadras rápidas nos Estados Unidos.

Em apenas seu quinto torneio em nível Masters 1000, Atmane já garantiu um prêmio de aproximadamente 1,5 milhão de reais (equivalente a £245 mil) e terá pela frente nada menos que o número 1 do mundo, um duelo que promete elevar ainda mais sua visibilidade no circuito.

A trajetória de Atmane no torneio não foi nada fácil: após se classificar batendo o australiano Omar Jasika e o chinês Li Tu nas eliminatórias, venceu o japonês Yoshihito Nishioka em sets diretos e eliminou o italiano Flavio Cobolli, que foi quartofinalista em Wimbledon nesta temporada. Em seguida, superou com autoridade o jovem prodígio brasileiro João Fonseca.

A grande zebra do torneio foi a vitória contra o norte-americano Taylor Fritz, atual número 4 do mundo e finalista do US Open do ano passado. Depois de perder o primeiro set, Atmane virou o jogo garantindo a vitória no tie-break decisivo. Pouco depois, garantiu outro triunfo marcante contra o dinamarquês Holger Rune, top 10 mundial, com parciais de 6-2 e 6-3.

Agora, ele encara o italiano Jannik Sinner, tricampeão de Grand Slam, que vem com campanha impecável nas quadras duras este ano.

Superando desafios fora da quadra

Além das vitórias impressionantes, a história de Terence Atmane chama atenção pelos desafios financeiros. Em entrevista ao jornal francês L’Equipe, ele revelou que não tem agenciamento nem patrocinadores atualmente. Seu último patrocinador, a Asics, o abandonou após episódio no Masters de Xangai do ano passado, quando ele entrou em quadra usando um par de Nike por um erro na troca de equipamentos.

“Apartir de uma marca de raquetes, a Tecnifibre, não tenho patrocínio desde que a Asics me deixou. Compro minhas roupas e tênis como qualquer outra pessoa e faço tudo sozinho, sem agente”, afirmou Atmane.

Ascensão no ranking e objetivos

Com essa campanha histórica em Cincinnati, o francês de 23 anos vai entrar pela primeira vez no top 75 do ranking mundial. Antes disso, sua melhor posição havia sido 118, alcançada neste ano. Essa melhora vai facilitar sua entrada direta em mais torneios, sem precisar passar pelas qualificatórias e permitir investimentos em sua equipe técnica e estrutura.

Apesar do sucesso repentino, Atmane mantém os pés no chão: “Ser top 100 significa jogar menos qualificatórias e ter uma certa estabilidade financeira, o que me permitirá investir nos treinadores e economizar um pouco. Jogar Challenger muitas vezes significa perder dinheiro. Preciso ser inteligente, continuar trabalhando, mostrar do que sou capaz no circuito principal, não só nos Challengers. Tenho que continuar subindo, e esse será um grande desafio. Não quero me limitar.”

Atmane já participou de três Grand Slams, mas ainda não avançou além da primeira rodada. No circuito Challenger, ele tem quatro títulos, dois deles conquistados em 2023, na Coreia do Sul e na China. Agora, o foco está em transformar essa boa fase em sucesso no circuito principal da ATP.

Uma inspiração para os jogadores emergentes

A trajetória de Terence no Masters 1000 de Cincinnati mostra a força da garra, da dedicação e do talento bruto, mesmo diante de limitações financeiras e falta de patrocínio, um cenário comum para muitos jogadores fora do top 100, que enfrentam dificuldades para seguir carreira no tênis profissional devido aos altos custos de viagens, alojamentos e equipe técnica.

O desempenho dele é um sopro de esperança para atletas que buscam espaço entre os grandes do esporte.

Fonte: Tennis Up To Date