O US Open de 2025 trouxe um formato inovador para as duplas mistas que está conquistando o público e mostrando porque especialistas em duplas dominam essa categoria, mesmo diante das grandes estrelas do simples. No palco mais famoso do tênis mundial, o Arthur Ashe Stadium, a atmosfera tem sido intensa e vibrante, com arquibancadas próximas da capacidade máxima para as semifinais e finais, algo pouco visto em torneios de duplas.

Entre os destaques da competição, os italianos Sara Errani e Andrea Vavassori chamam atenção. Diferente das habituais celebridades do tênis, que atraem fãs nas ruas de Nova York, essa dupla pura de duplas lutou para entrar no torneio via convite — enquanto nomes do simples receberam cabeças de chave. Mas a habilidade e experiência da dupla campeã do ano passado têm mostrado o seu valor.

Errani e Vavassori eliminaram favoritos como Elena Rybakina e Taylor Fritz, a segunda cabeça de chave da chave — uma dupla formada por estrelas do simples que pouco jogam juntas nas duplas. A derrota em sets diretos, 4-2 e 4-2, evidenciou a diferença de dinâmica entre o simples e duplas. Em seguida, venceram também Andrey Rublev e Karolina Muchová, atletas de altíssimo nível e técnico refinado, com quem tiveram que suar num tiebreak.

Até aqui, essa dupla já garantiu US$ 200 mil pela semifinal – o mesmo valor conquistado no ano passado, quando o torneio tinha uma estrutura tradicional com 32 duplas genuínas. A impressionante combinação da potência das jogadas e da coordenação em rede de Vavassori, junto com a leitura de jogo apurada e movimentação inteligente de Errani, tem dificultado a vida dos adversários, que embora com fama e títulos no simples, não têm o domínio da quadra de duplas que eles possuem.

Outro exemplo da força dos especialistas é a dupla Danielle Collins e Christian Harrison, que entraram como alternantes de última hora depois da desistência do número 1 do simples masculino, Jannik Sinner, e acabaram nas semifinais após derrotar a cabeça de chave Taylor Townsend, número 1 do ranking de duplas, e seu parceiro Ben Shelton. Collins e Harrison se conhecem desde a infância, e já demonstram uma química especial que pode surpreender ainda mais.

O novo formato do US Open para as duplas mistas aposta em partidas mais rápidas – cada set tem apenas quatro games com tiebreak em 3-3 e um match tiebreak decisivo – e maior visibilidade ao colocar as partidas antes do torneio de simples, atraindo grandes nomes do circuito como Novak Djokovic, Carlos Alcaraz, Emma Raducanu e Iga Świątek, além do público que enche os estádios secundários e o Arthur Ashe mesmo em dias com muita ação.

A polonesa Świątek, número 2 do ranking mundial de simples e campeã de seis Grand Slams, mostrou sua versatilidade ao disputar as duplas com grande habilidade, participando de intensos ralis e brilhando na rede. Ela mesmo declarou que, apesar da pressão do circuito de simples, jogar duplas é um lembrete de que o tênis pode ser divertido.

A mescla de estrelas do simples e especialistas em duplas cria rivalidades interessantes e mostra aspectos técnicos diferentes do esporte, enfatizando o trabalho em equipe, a antecipação e o posicionamento, essenciais para o sucesso nas duplas. Errani e Vavassori defendem, inclusive, que embora os jogadores de simples sejam incríveis em suas especialidades, os duplistas são imbatíveis em sua especialidade e podem até superar os adversários de simples em duplas quando organizados.

O US Open, com seu investimento e aposta nesse formato, parece estar reinventando a percepção do público sobre as duplas mistas, tornando-as grandes protagonistas e garantindo partidas emocionantes, repletas de talento e estratégias únicas.

Afinal, num torneio de US$ 2,35 milhões para a chave de duplas mistas, com seus jogos dinâmicos, o público está respondendo com entusiasmo, e as estrelas de duplas estão mostrando que sabem brilhar tanto quanto os astros do simples.

Fonte: The New York Times