O jovem fenômeno espanhol Carlos Alcaraz, número 1 do mundo no final da temporada, deixou de ganhar impressionantes US$ 2,4 milhões em premiações devido a uma regra rígida da ATP que penaliza jogadores que não participam de todos os torneios Masters 1000. Apesar de liderar o ranking da Bonus Pool com 4.420 pontos conquistados, Alcaraz teve que abrir mão de metade de seus ganhos por não competir em todos os eventos do calendário.
A temporada 2023 foi histórica para Alcaraz. Ele disputou 11 finais e conquistou oito títulos, incluindo dois Grand Slams importantes: Roland Garros, disputado em saibro, e o US Open, em quadras duras. Esses títulos o impulsionaram ao topo do ranking mundial, consolidando sua posição como a maior promessa do tênis atual.
Além disso, Alcaraz liderou a competição conhecida como Bonus Pool, uma premiação extra que distribui US$ 21 milhões entre os 30 jogadores que acumulam mais pontos nos Masters 1000 e ATP Finals. Esse bônus expressivo foi criado dentro do plano estratégico One Vision da ATP, que aportou US$ 11,5 milhões adicionais ao circuito desde 2022, transformando o tênis em um dos esportes mais lucrativos do mundo.
No entanto, há uma regra que impactou diretamente o bolso do espanhol: para cada torneio Masters 1000 que o jogador deixar de participar por lesão ou desistência, a premiação total é reduzida em 25%, até no máximo três ausências. A partir da quarta ausência, o jogador perde 100% dos ganhos daquele período. Alcaraz não participou do Canadá Open no verão do hemisfério norte nem do Shanghai Open no outono, o que resultou em uma redução de 50% de seus ganhos. Ele evitou a penalidade ao faltar ao Masters de Madrid, pois mesmo não competindo, esteve na capital espanhola cumprindo compromissos relacionados ao torneio, conforme regras da ATP.
Por outro lado, o italiano Jannik Sinner, que ficou em segundo lugar na Bonus Pool com 3.850 pontos, não teve a mesma sorte e voltará para casa no fim do ano sem premiações decorrentes desse bônus. O jovem de 24 anos deixou de participar de quatro Masters 1000 — Indian Wells, Miami, Madrid e Canadá — e sofreu punições financeiras pesadas.
Sinner já havia manifestado sua insatisfação publicamente em agosto, questionando os benefícios de bem-estar para os jogadores e a insuficiência do aumento nos prêmios dos Grand Slams. Em entrevista ao The Guardian em outubro, ele reafirmou a importância de melhorias nas condições dos tenistas: “Tivemos boas conversas com os Grand Slams em Roland Garros e Wimbledon, mas foi frustrante ouvir que não podem agir nas nossas propostas até que outros assuntos sejam resolvidos.”
Para Sinner, “o calendário e o agendamento são temas importantes, mas nada impede os Grand Slams de priorizarem benefícios para o bem-estar dos jogadores, como aposentadoria e assistência médica. Esses torneios são os maiores geradores de receita no tênis, e pedimos uma contribuição justa para apoiar todos os jogadores, além de uma premiação que reflita os ganhos reais dessas competições. Queremos trabalhar junto com os Grand Slams para encontrar soluções que beneficiem todo o tênis.”
A discussão sobre a distribuição justa da premiação e o cuidado com os atletas deve ganhar ainda mais espaço em 2024, especialmente com as vozes de jovens talentos como Alcaraz e Sinner se destacando no circuito.
Fonte: The Express
