As mulheres americanas seguem mostrando sua força no tênis de alto nível em 2025, culminando em uma participação histórica no WTA Tour Finals que começa neste sábado em Riyadh, na Arábia Saudita.

Madison Keys conquistou o Australian Open, enquanto Coco Gauff levou o título do Aberto da França (Roland Garros), garantindo assim as vitórias dos EUA nos dois primeiros Grand Slams do ano. Amanda Anisimova chegou à final de Wimbledon, e tanto ela quanto Jessica Pegula avançaram para as semifinais do US Open, com Anisimova alcançando também a final do último Slam do ano. Com isso, uma tenista americana disputou a final em todos os quatro principais torneios de 2025.

Nos últimos dois meses, essa tendência continuou forte. Anisimova venceu o China Open em Pequim, enquanto Gauff conquistou o Wuhan Open — ambos eventos de prestígio na categoria WTA 1000. Pegula enfrentou Gauff na final de Wuhan e chegou às semifinais em Pequim, onde Anisimova derrotou Gauff no caminho para o título.

Um marco histórico nas qualificações

Essa sequência de conquistas tornou esta a temporada regular mais bem-sucedida para as americanas desde os anos 2000. Keys, que está em recuperação de uma lesão desde o US Open, junta-se a Gauff, Anisimova e Pegula na disputa das Finais do Ano, torneio exclusivo para as oito melhores jogadoras do ranking.

Anisimova comentou com orgulho em coletiva de imprensa em Riyadh que metade do torneio feminino é representado pelas jogadoras dos EUA, ressaltando que isso reflete muito bem o tênis americano.

A última vez que quatro americanas competiram juntas neste campeonato foi em 2002, com as lendárias Serena e Venus Williams, Jennifer Capriati e Monica Seles. Em 2003, quatro jogadoras também se qualificaram, mas lesões limitaram a participação efetiva.

Vantagens estruturais e impacto da legislação esportiva

Os EUA têm vantagens significativas na formação do tênis feminino: são mais de 300 milhões de habitantes e um PIB per capita que supera qualquer outra grande nação, o que garante investimentos e infraestrutura de ponta. Além disso, o Título IX, uma lei americana criada na década de 1970, garantiu acesso e incentivo ao esporte para todas as pessoas independentemente da raça ou gênero — e a icônica Billie Jean King foi uma das maiores defensoras dessa legislação.

Evolução individual que sustenta o sucesso coletivo

As quatro tenistas contam com recursos de elite desde muito jovens, treinando principalmente em centros de tênis da Flórida, mas seguiram caminhos distintos até o tênis profissional. Em 2025, todas elas encontraram novas formas de se manter ou alcançar o topo.

Coco Gauff destacou a diversidade do grupo, que traz representatividade para jogadoras de diferentes raças e etnias e serve de inspiração.

Madison Keys chegou ao Australian Open com uma nova raquete e foco renovado em jogar de forma agressiva nos momentos decisivos. Aos 30 anos, esse processo começou em 2023, quando seu marido e treinador Bjorn Fratangelo passou a acompanhá-la, junto com o especialista físico da USTA Reshard Langford. Além disso, a terapia ajudou Keys a separar sua autoestima dos resultados nas partidas, o que contribuiu para sua conquista inédita de Grand Slam após 16 anos de carreira.

Depois do US Open, Keys focou em melhorar o treinamento e a recuperação da saúde, ajustando cordas da raquete, saque e investindo mais em jogo na rede.

Ajustes técnicos e resultados imediatos

Gauff teve uma temporada irregular no início, mas na Europa, especialmente no saibro, evoluiu muito, chegando a duas finais de WTA 1000 antes de vencer Roland Garros, explorando sua velocidade, resistência e força mental. Após alguns problemas no saque, ela demitiu o técnico especialista na parte técnica e passou a trabalhar com o biomecânico Gavin MacMillan para reestruturar seu serviço, considerado o golpe mais importante do tênis. Essa mudança foi feita pouco antes do US Open, seu maior torneio do ano.

Ela enfrentou dificuldades nas primeiras partidas, mas rapidamente encontrou ritmo. Apesar de liderar a WTA em duplas faltas em 2025, mantém o terceiro lugar no ranking mundial.

As principais alterações no saque de Gauff envolvem mais giro e efeito “kick”, tornando o lance mais confiável e difícil para adversárias de estatura menor. Ela revelou que há um saudável debate com seu treinador sobre a estratégia do saque, pois prefere golpes mais planos e potentes, enquanto MacMillan defende maior variedade.

Tática e experiência impulsionam Pegula

Jessica Pegula, de 31 anos, teve uma retomada impressionante no segundo semestre após duas derrotas difíceis no Grand Slam francês e em Wimbledon, o que a levou a adaptar seu jogo antes do US Open com seus treinadores Mark Knowles e Mark Merklein. Reconhecida como ótima defensora e excelente técnica de batida, Pegula incorporou mais agressividade, avançando para a rede com maior frequência.

Essa mudança estratégica levou-a às semifinais do US Open, onde quase eliminou a número um do mundo, Aryna Sabalenka, e depois venceu a mesma rival em uma semifinal eletrizante no Wuhan Open.

Ela destacou que hoje o foco está mais na inteligência tática, buscando imprevisibilidade e adaptação do que somente na mecânica dos golpes.

Anisimova: superação e consistência

Amanda Anisimova, que no verão passado estava fora do top 200 recuperando-se de lesões e esgotamento, hoje é uma das competidoras mais perigosas do circuito. Trabalhando com a fisioterapeuta Shadi Soleymani, mudou radicalmente sua dieta e preparo físico.

Com golpes potentes e mobilidade aprimorada, conquistou vitórias marcantes contra Sabalenka em Wimbledon, Iga Świątek no US Open e Gauff em Pequim. Embora tenha sido derrotada por Świątek na final de Wimbledon, ela se recuperou para chegar a outra final de Grand Slam sete semanas depois e vencer o China Open logo em seguida.

Em Pequim, Anisimova falou sobre encontrar uma força interior para superar desafios que pareciam impossíveis.

Força coletiva que inspira

Pegula destacou que o sucesso distribuído entre várias jogadoras, e não só de uma estrela isolada, criou um ambiente de apoio que fortalece o tênis feminino americano, tornando-o mais forte do que nunca.


Fonte: Rolling Out