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Branstine e Andreescu fazem reencontro emocionante nas qualificatórias de Wimbledon

24 de junho de 2025 às 19:46

Carson Branstine e Bianca Andreescu se preparam para um encontro de alta tensão nas qualificatórias de Wimbledon, evento que acontece em Roehampton, Londres. A história entre as duas começou ainda muito jovens, quando tinham 16 anos e viajaram juntas para o Australian Open de 2017. Naquela época, Branstine acabara de mudar sua nacionalidade dos Estados Unidos para o Canadá, e as duas rapidamente criaram uma conexão especial.

Na primeira noite em Melbourne, as duas fizeram uma viagem rápida para buscar lanches e, na manhã seguinte, Branstine percebeu que o queijo Brie cuidadosamente escolhido por ela havia desaparecido – Andreescu confessou o ‘roubo’ na hora. Pouco depois, a parceria rendeu frutos incríveis: as duas conquistaram o título de duplas juvenis do Australian Open ao derrotar Maja Chwalinska e Iga Swiatek na final.

Agora, oito anos depois daquela amizade selada por Brie e partidas de tênis, elas se enfrentam pela primeira vez numa competição oficial, após Branstine despachar a cabeça de chave número 1 e semifinalista de Roland Garros, Lois Boisson, em um duelo duro de 6-2, 6-7(1), 6-4 na primeira rodada das qualificatórias de Wimbledon.

Bianca Andreescu, por sua vez, avançou com facilidade ao vencer Laura Pigossi por 6-2, 6-1. As duas até brincaram sobre a possibilidade desse confronto algumas semanas atrás, em ‘s-Hertogenbosch, na Holanda, onde jogaram juntas de duplas pela primeira vez em nível profissional.

“O universo nos deu isso exatamente”, comentou Andreescu. “Nós duas queremos que a outra tenha sucesso, mas o tênis não se importa com isso.”

A admiração mútua entre as atletas é evidente. Branstine diz: “Eu adoro essa menina. Vamos para o caixão juntas com certeza. Bianca tem um dos melhores corações do circuito, estou muito abençoada em chamá-la de uma das minhas melhores amigas.” Andreescu retribui: “Ela é daquelas amigas que, quando estamos juntas, é como se nada tivesse acontecido. Ela é a pessoa mais engraçada que conheço, super tranquila – apesar de que na quadra ela é perfeccionista, igual a mim.”

Apesar do forte vínculo, suas trajetórias nos últimos anos foram bem diferentes. Andreescu teve uma temporada de destaque estrondosa em 2019, conquistando o US Open com apenas 19 anos, mas desde então tem lidado com diversas lesões e problemas de saúde que a impediram de jogar uma temporada completa. Ela está atualmente na 147ª posição do ranking e disputa as qualificatórias de Wimbledon pela primeira vez desde 2018.

Já Branstine optou pela trajetória universitária, passando pela University of South Carolina, University of Virginia e Texas A&M. Contudo, as contusões a impediram de atuar nos primeiros dois colégios. “Já fiquei mais de cinco anos afastada por lesões, desde a época júnior. A última temporada completa que joguei foi aos 15 anos. Sempre joguei lesionada de alguma forma”, revelou.

Desde sua formatura em 2023, Branstine desfruta de um dos períodos mais longos sem problemas físicos, resultado de um processo de autoconhecimento sobre seu corpo e necessidades, que incluiu ignorar conselhos nem sempre adequados para ela. “Acho que sou uma das atletas mais completas do circuito em termos físicos – consigo correr rápido, levantar peso e sou bastante móvel para minha altura”, afirmou a jogadora, que já aparece no ranking WTA em 197º lugar.

Sua vitória surpreendente sobre Boisson em Wimbledon é a segunda recente derrota de uma cabeça de chave número 1 na primeira rodada que ela promove, após ter eliminado a campeã defensora Liudmila Samsonova na estreia de ‘s-Hertogenbosch, conquistando sua primeira vitória contra uma Top 20. “Adoro entrar como zebra nas partidas sabendo que posso tirar qualquer uma”, ressaltou Branstine.

Apesar de ter se considerado até mesmo perto de abandonar o tênis no final da faculdade, ela mostrou resiliência, explorando outras carreiras como direito e até mesmo modelagem para ajudar a financiar sua carreira no esporte. “Entrei no circuito sem patrocinadores, sem técnico, sem base. Só eu mesma. Ganhei dois torneios W15 seguidos sem treino e sem músculo e ali soube que precisava continuar.”

Na busca pelo sucesso em Wimbledon, as duas parecem adotar estratégias diferentes: enquanto Andreescu busca uma conexão quase espiritual com a grama, tratando a superfície como um organismo vivo e tentando manter uma mentalidade zen; Branstine prefere ser mais rígida consigo mesma, estabelecendo metas claras e até se impondo o limite de desistir do tênis se não conseguisse entrar nas qualificatórias do Roland Garros em 2024.

Com a vaga na rodada final das qualificatórias e um encontro particular em jogo, a disputa promete muito, mas o queijo Brie, ao que tudo indica, está fora dessa batalha.

Fonte: WTA Tennis