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Andy Murray quer proteger filhos do impacto negativo das redes sociais e pede ações contra abusos no esporte

25 de junho de 2025 às 22:21

Sir Andy Murray, tricampeão de Grand Slam e ícone do tênis mundial, revelou que tenta manter seus filhos longe das redes sociais por acreditar que elas podem causar danos. O ex-tenista britânico, que encerrou a carreira profissional em agosto de 2024, se pronunciou em apoio à tenista Katie Boulter, que recentemente falou abertamente sobre o assédio e ameaças que enfrenta online.

Boulter, que vem recebendo mensagens agressivas e até ameaças de morte nas redes, destacou a gravidade do problema. Murray reforçou que, apesar de atletas falarem há anos sobre os abusos digitais, a situação não melhorou muito e é algo que precisa ser enfrentado com urgência.

“É positivo sempre que alguém fala sobre isso, e foi ótimo ver a Katie se posicionando”, comentou Murray, de 38 anos, em evento da BBC Sport. “Muitos atletas vêm discutindo isso há muito tempo, mas a realidade é que pouco mudou. Espero que medidas efetivas sejam tomadas logo.”

Como pai de quatro filhos, o britânico explicou que, junto com a esposa, prefere que as crianças só tenham contato com as redes sociais quando forem mais velhas, considerando os impactos negativos que essas plataformas podem trazer. O filho mais velho de Murray tem nove anos, e o mais novo, quatro – enquanto o limite mínimo oficial de idade para muitas redes sociais é 13 anos.

Além disso, o governo do Reino Unido vem implementando a Online Safety Act, que obriga empresas de tecnologia a proteger melhor os jovens de conteúdos ilegais e prejudiciais. A legislação será aplicada em etapas, com novas regras focadas na segurança infantil entrando em vigor nas próximas semanas.

Dados do International Tennis Federation (ITF) e da Women’s Tennis Association (WTA) indicam que, em 2024, cerca de 8 mil mensagens abusivas, violentas ou ameaçadoras foram enviadas publicamente a 458 tenistas nas redes sociais. Após os relatos de Boulter, outros atletas da modalidade pediram ações concretas, como a verificação de identidade dos usuários para dificultar o anonimato dos ofensores.

No futebol inglês, várias jogadoras também planejam ficar fora das redes sociais durante a disputa do Campeonato Europeu na Suíça, como forma de se protegerem do abuso online.

Em sua fala, Murray demonstrou incerteza sobre quem deve tomar a frente nessa luta: “Não sei se é responsabilidade do governo ou de donos de plataformas, como Elon Musk, impedir que essas mensagens cheguem às pessoas. Não é só uma questão dos atletas, mas aí entra a discussão sobre liberdade de expressão, que é complicada.”

O ex-campeão ponderou que os próprios esportistas podem tentar minimizar o impacto evitando ler comentários e ficar o tempo todo nas redes após jogos, mas ressaltou que a responsabilidade principal não deve ser deles.

A britânica Naomi Broady, ex-tenista profissional, também dividiu sua experiência com abusos nas redes, confessando que depois de ser mãe, passou a não mostrar mais o rosto dos filhos para evitar exposição.

Além do tema das redes sociais, Murray participou de um evento com crianças em Surrey para celebrar a conclusão do Park Tennis Project, uma iniciativa da Lawn Tennis Association (LTA) do Reino Unido que, com investimento superior a 45 milhões de libras do governo e da fundação LTA Tennis Foundation, reformou mais de 3 mil quadras em mil parques nas regiões de Inglaterra, Escócia e País de Gales. Mais da metade dessas quadras está localizada em áreas com maior vulnerabilidade social.

Ele contou que, quando era criança, via muitas quadras em seu bairro, Dunblane, em estado de abandono, com redes rasgadas e mato invadindo o concreto. “É muito legal ver o investimento para reformar essas quadras e dar a chance de mais crianças jogarem tênis em ambientes decentes”, disse Murray. Ele ainda espera que o próximo passo seja a criação de quadras cobertas para garantir a prática do esporte durante o inverno.

Com o início do Grand Slam de Wimbledon na sequência, Murray demonstrou confiança no talento do britânico Jack Draper, atual número 1 do país e cabeça de chave 4 no torneio. “Ele subiu muito no ranking e teve vitórias incríveis. Tenho certeza que vai lidar bem com a pressão, já jogou em ambientes difíceis antes.”

Apesar da proximidade do torneio em Londres, Murray afirmou que não tem planos de assistir à disputa pessoalmente neste ano, mas não descarta mudar de ideia, especialmente se algum jogador britânico chegar à final.

Por fim, também foi confirmado que a All England Club pretende erguer uma estátua em homenagem a Andy Murray em suas dependências em Wimbledon até 2027, reconhecimento merecido pela carreira brilhante e pelo impacto que ele teve no tênis mundial.


Fonte: BBC Sport