Já faz 22 anos desde que um tenista americano venceu um Grand Slam na categoria masculina. No feminino, Coco Gauff quebrou esse jejum recentemente, conquistando o título do US Open 2023 e antes disso, o Aberto da França no saibro, título esse que não vinha para os EUA desde Serena Williams, em 2015.

Porém, no tênis masculino, a situação tem sido mais complicada. Desde os dias de glória de Andy Roddick, que bateu Juan Carlos Ferrero na final do US Open de 2003 com apenas 21 anos, o tênis americano não conseguiu emplacar uma estrela do naipe dos grandes campeões do circuito. Roddick, conhecido por seu saque potente e excelente competitividade, chegou a disputar três finais de Grand Slam a mais, sempre em Wimbledon, mas não conseguiu alcançar novamente seu auge. Jogadores americanos como John Isner, Taylor Fritz e Frances Tiafoe tiveram chances, mas ainda não conseguiram confirmar seu nome entre os grandes.

Vencer um Grand Slam exige não só talento e preparo físico, mas também uma pitada de sorte. Roddick, por exemplo, esbarrou diversas vezes em lendas do esporte como Roger Federer. Tiafoe, que foi o primeiro tenista negro americano a alcançar a semifinal do US Open desde Arthur Ashe, aproveitou um quadro relativamente acessível em 2022, mas caiu diante da jovem promessa espanhola Carlos Alcaraz em um jogo eletrizante de cinco sets. Já John Isner viveu momentos memoráveis, como sua maratona de seis horas nas semifinais de Wimbledon em 2018 contra Kevin Anderson, e Fritz quase surpreendeu Nadal, também em Wimbledon, em 2022.

Agora, surge uma nova esperança: Ben Shelton, jovem talento da Georgia, Estados Unidos. Com apenas 22 anos, Shelton chegou às semifinais do US Open 2023, onde foi derrotado pelo sérvio Novak Djokovic em uma partida que nunca esteve equilibrada.

Desde essa derrota, o jogo de Shelton evoluiu muito. Conhecido pelo saque potente com a mão esquerda, ele correu o risco de ser rotulado como “serve bot”, um termo usado para jogadores com apenas um ponto forte, que se atrapalham nos outros fundamentos. Mas apoiado pelo pai e treinador, Bryan Shelton, Ben cresceu enormemente em 2023, perdendo apenas para Alcaraz e para o italiano Jannik [Sinner](/em/sinner/) nos três Grand Slams do ano. A grande evolução veio no backhand, sempre alvo preferido dos adversários, que agora virou uma arma confiável, dando a ele tranquilidade para sustentar longas trocas e usar seu forehand pesado para dominar a maioria dos rivais.

Shelton ainda tem na bagagem um ano de tênis universitário pela Universidade da Flórida, experiência que contribuiu para sua maturidade na quadra. Recentemente, na Masters 1000 de Toronto, conquistou seu primeiro título desse nível ao vencer seis jogos na sequência, um ótimo prenúncio para o US Open, que acontece no final de agosto.

Atualmente na quinta colocação do ranking mundial, Shelton derrotou o quarto colocado Taylor Fritz em sets diretos com um jogo dominante, deixando claro que seu momento é de destaque. Na partida seguinte, ele mostrou resiliência ao virar contra o russo Karen Khachanov após perder o primeiro set.

Um momento marcante da vitória em Toronto foi quando Shelton correu para os braços do pai, demonstrando a forte relação dos dois. Bryan, que jogou no circuito profissional em nível mais baixo nas décadas de 1980 e 1990, sempre foi uma presença constante na carreira do filho, sem polêmicas, apenas apoio e incentivo, algo raro no tênis de alto nível onde muitas vezes há atritos entre atletas e treinadores.

Na entrevista após a conquista, o jovem tenista agradeceu a Deus e valorizou a oportunidade de viver momentos tão especiais. Também compartilhou o troféu com os ball boys, mostrando sua simplicidade em um esporte marcado pela busca da perfeição e pela pressão constante.

Shelton agora se prepara para o Masters 1000 de Cincinnati, onde será o quinto cabeça de chave. O torneio servirá como preparação para o US Open, permitindo um último teste contra os melhores do mundo, como Sinner e Alcaraz.

Será que Ben Shelton finalmente conseguirá trazer de volta o título de Grand Slam para o tênis masculino americano? Sua performance brilhante nas últimas semanas mostra que ele tem talento, foco e o apoio da família para seguir tentando. Em breve, todo o tênis americano estará torcendo para que o jovem fenômeno represente o país com orgulho e faça história em Nova York.

Fonte: The American Conservative