Imagem de destaque do post: Do choro de dor ao sorriso da vitória: a trajetória da Coco Gauff rumo ao seu primeiro título de Grand Slam no saibro de Roland Garros 2025

Do choro de dor ao sorriso da vitória: a trajetória da Coco Gauff rumo ao seu primeiro título de Grand Slam no saibro de Roland Garros 2025

8 de junho de 2025 às 04:13

Tears of pain to tears of joy – A jornada de Gauff rumo à glória

Campeonato: Roland Garros 2025
Datas: 25 de maio a 8 de junho Local: Paris, França
Cobertura: Comentários de rádio ao vivo na 5 Live Sport e BBC Sounds, além de comentários por texto em tempo real no site e aplicativo da BBC Sport

Há três anos, a cena da jovem Coco Gauff chorando desesperadamente sob uma toalha foi uma das mais marcantes e cruéis de uma final feminina do Aberto da França, disputada em quadra de saibro. Ainda adolescente, Gauff parecia uma jogadora perdida, sentada sozinha na arquibancada após uma derrota por sets diretos para a polonesa Iga Swiatek, que naquele momento era a número um do mundo.

Aquele momento difícil foi o ponto de partida para que Gauff prometesse voltar ainda melhor. E foi exatamente isso que ela fez. Sua primeira conquista de um título de Grand Slam na carreira veio no US Open de 2023, vencendo a altura de Nova York e consolidando sua capacidade de superar o peso da pressão. Agora, em Paris, a americana, atualmente a número dois do ranking mundial, mostrou sua força mental mais uma vez: ela conseguiu virar um jogo de uma só rodada contra a número um do mundo, Aryna Sabalenka, conquistando o título no saibro francês.

Ao refletir sobre sua derrota em 2022, Gauff, que hoje tem 21 anos, comentou: “Foi um período bem difícil. Eu estava duvidando de mim mesma, pensando se iria conseguir superar tudo isso, especialmente minha mentalidade antes daquela partida. Cheguei a chorar antes da final e estava super nervosa. Fiquei me perguntando: se eu não consegui lidar com isso, como vou lidar na próxima vez? Hoje, me senti realmente pronta.”

Numa demonstração de sua determinação, Gauff mostrou uma atitude inspiradora. Pouco após a vitória contra Sabalenka, ela pegou um pedaço de papel de sua bolsa e nele escreveu insistentemente: “Vou ganhar o Roland Garros de 2025”, repetindo a frase até caber na página de seu caderno. Essa história de manifestação veio de Gabby Thomas, atleta de atletismo que antes de conquistar seu ouro nos 200m nas Olimpíadas de Paris 2024, fazia uma prática semelhante. Gauff revelou que o vídeo de Thomas falando sobre o processo apareceu em sua TikTok na noite anterior à final e que ela sentiu que era o momento certo para fazer a mesma coisa.

“Escrevi na noite anterior e fiquei me olhando no espelho, tentando gravar aquilo na minha cabeça. Precisei acreditar. Não sabia se ia funcionar, mas deu certo”, contou a tenista.

Sobre sua mentalidade, Gauff sempre foi alvo de debates. Houve um momento em que suas dúvidas sobre sua força mental eram evidentes, especialmente devido ao seu serviço, que às vezes cometia duplo falta, e ao seu golpe de forehand, considerado uma fraqueza. Seu técnico, Jean-Christophe Faurel, comentou ao site do Aberto da França que ela tinha dificuldades, mas ressaltou: “Uma de suas maiores forças é a sua mentalidade. Ela nunca desiste. Frequentemente faz a diferença pelo seu caráter.”

Esse aspecto foi fundamental na final de sábado. Jogando sob vento forte e enfrentando a favorita Sabalenka, Gauff se manteve forte. Ela conseguiu equilibrar o primeiro set após estar perdendo por 4-1 e, nos sets seguintes, aumentou seu ritmo enquanto a bielorrussa agitava-se de frustração. Greg Rusedski, ex-número quatro do mundo e comentarista da BBC, afirmou: “Mentalmente, ninguém é mais forte na mulherada. Ela às vezes tinha dificuldades com o forehand e parecia que ia ser engolida no primeiro set, mas ela encontrou uma maneira de passar por isso.”

Quando Gauff chegou na sua fase adulta, com apenas 15 anos, ela tinha uma liberdade dentro de quadra que a diferenciava. Como toda jovem promissora, dificuldades vieram ao longo do percurso, principalmente enquanto ela se encaixava no circuito profissional. Sua conquista do US Open foi encorajada por sua equipe, que a aconselhou a confiar no talento bruto que possui. Contudo, esse título não foi suficiente para abrir as portas de uma hegemonia. Após essa vitória, mudanças aconteceram.

O treinador espanhol Pere Riba saiu da equipe de Gauff após sua conquista em Nova York, e nomes como Brad Gilbert, conhecido por treinar André Agassi, também deixaram o time. Em contrapartida, Jean-Christophe Faurel, técnico francês, retornou ao time da jovem atleta, ajudando-a a aprimorar pontos específicos, como o seu saque e a agressividade nas jogadas.

Depois de uma campanha irregular no começo do ano, com eliminações e dificuldades, Gauff e Faurel conversaram abertamente após o Masters de Miami, mudando a estratégia. Desde então, ela venceu 18 de 21 partidas e chegou a finais consecutivas em Madrid, Roma e agora em Paris.

“Precisávamos ajustar nosso jogo. Ela precisa melhorar o saque e jogar mais agressivamente quando possível. Quando ela consegue fazer mais de 60% do primeiro serviço contra Sabalenka, ela vence. E na final, ela fez 63%. Ela se perdeu um pouco, mas voltou a se encontrar”, explicou Faurel. “Ela não é uma máquina, e reconhecemos nossos erros. Agora, tudo está claro na cabeça dela, por isso ela está conquistando tantas vitórias.”

Essa vitória emblemática na França reforça a força mental e a evolução técnica de Gauff, que saiu da sombra das dúvidas e do nervosismo para se firmar como uma das maiores promessas do tênis mundial, buscando seu grande sonho de conquistar o Major na terra do saibro.

Fonte: BBC Sport