O US Open reforçou a dominante presença de Carlos Alcaraz e Jannik Sinner no tênis masculino, deixando fãs e especialistas se perguntando: qual será o próximo passo para o esporte? No recente Grand Slam americano, Alcaraz e Sinner mostraram uma diferença técnica tão grande que outros duelos mal pareciam relevantes em comparação. Mas será que essa supremacia beneficia o tênis?

O duelo da final do US Open foi agradável, mas não teve aquela chama de outro mundo: Alcaraz venceu em quatro sets e de forma relativamente confortável. Sinner, por sua vez, conquistou Wimbledon no mesmo formato, em um confronto que também foi bom, porém sem ser espetacular. Jogos do nível da final do Aberto da França entre os dois, ou do confronto emocionante que tiveram há três anos no US Open, são exceções à regra.

Desde o Australian Open de janeiro – quando Novak Djokovic eliminou Alcaraz nas quartas –, o máximo que esses dois astros do tênis foram levados para cinco sets foi uma ocasião, com Alcaraz superando Fabio Fognini em Wimbledon. Outro confronto contra Dimitrov foi interrompido pela aposentadoria do adversário.

Novak Djokovic é o principal nome a tentar romper essa hegemonia, chegando às semifinais de todos os quatro majors este ano e conseguindo até uma vitória sobre Alcaraz. Porém, após uma sequência de derrotas para Alcaraz e Sinner em Grand Slams, incluindo a recente do US Open, o sérvio admitiu as dificuldades: “Será muito difícil superar o obstáculo que Sinner e Alcaraz representam em jogos de melhor de cinco sets.”

Até Alexander Zverev, o número 3 do mundo, reconhece o desafio de enfrentar esses dois em um Grand Slam: “É horrível, péssimo”, brincou, referindo-se à sua dificuldade contra ambos. Desde a final do Australian Open contra Sinner, Zverev venceu apenas seis partidas de Grand Slam em três torneios.

Jogadores como Ben Shelton, Lorenzo Musetti, Taylor Fritz e Félix Auger-Aliassime chegaram às semifinais em 2024, mas nenhum ameaçou realmente o domínio da dupla. Ainda que a campanha de Auger-Aliassime tenha sido empolgante, não há garantia de que isso levará a sucessos constantes. No circuito masculino, as duas semanas de Grand Slam costumam apresentar histórias interessantes no começo, mas no fim, só dois nomes realmente contam.

Após a derrota no US Open, Sinner refletiu sobre como seu estilo normal de jogo, eficaz contra quase todos os rivais, não funciona tão bem contra Alcaraz. Para vencer o espanhol, ele precisa de muita variedade e precisão desde o início da partida, mesmo que isso custe algumas derrotas ocasionais no processo.

Alcaraz, por sua vez, revelou que após perder a final de Wimbledon para Sinner, dedicou duas semanas inteiras a um treinamento focado em aspectos específicos para melhorar seu desempenho contra o italiano. Essa preparação detalhada mostra o nível de exigência que eles se impõem para manter a rivalidade acesa.

Esse duopólio lembra a era de Roger Federer e Rafael Nadal, que dominaram por anos os Grand Slams, alternando finais e derrotas com uma competitividade que encantava o público. A entrada de Djokovic nessa disputa adicionou uma camada extra à rivalidade, gerando três grandes competições. Para Alcaraz e Sinner, a falta de um terceiro jogador que truly desafie seu domínio deixa o circuito um pouco menos vibrante.

O cenário atual do tênis masculino encontra-se em um meio-termo: nem totalmente previsível, nem completamente aberto. Enquanto outros atletas conquistam vitórias e evoluem, o fosso técnico entre eles e Alcaraz/Sinner ainda é evidente.

No entanto, a história do tênis mostra que tudo pode mudar rapidamente. Talvez um novo talento apareça ou um dos dois grandes jogadores enfrente uma queda natural de performance. Por enquanto, o domínio de Alcaraz e Sinner é a grande narrativa, mas carregar todo um torneio nas costas, mesmo para eles, é um desafio enorme.

Fonte: The San Juan Daily Star