Um dos grandes assuntos que vêm dominando as conversas no circuito profissional de tênis é a exaustiva e intensa rotina de jogos e torneios ao longo do ano. Jogadores de peso, como Carlos Alcaraz e Iga Swiatek, não escondem sua insatisfação com o tamanho do calendário e a pressão física que ele impõe. Porém, o canadense Felix Auger-Aliassime trouxe uma opinião diferente, defendendo que os tenistas precisam aproveitar mais o prazer do esporte, em vez de focar apenas no cansaço.
Desde o US Open, houve um aumento notável no número de jogadores que sofreram lesões ou foram obrigados a abandonar partidas, principalmente durante a série de torneios na Ásia, onde o clima úmido se tornou um desafio extra. Swiatek e Alcaraz têm sido vozes fortes pedindo mais descanso e menos competições ao longo da temporada.
No entanto, as regras da ATP estabelecem que os principais jogadores do circuito devem participar de todos os Grand Slams – os quatro maiores torneios do tênis (Australian Open, Roland Garros no saibro, Wimbledon na grama e US Open no piso duro) – independente do estado físico. Além disso, estão obrigados a disputar oito torneios Masters 1000 (com exceção do Masters de Monte Carlo, que é opcional) e ao menos quatro eventos ATP 500, incluindo um logo após o US Open.
Recentemente, a maioria dos Masters 1000 vem sendo disputada em semanas prolongadas, ultrapassando uma semana de duração, o que tem gerado reclamações dos jogadores. Mesmo assim, ATP e WTA mantêm que os atletas têm a liberdade de escolher as competições, respeitando as regras vigentes.
No ATP Finals de Turim, onde apenas os oito melhores jogadores da temporada competem, Auger-Aliassime garantiu vaga nas semifinais após vitória sólida contra Alexander Zverev, bicampeão do evento. Em coletiva, o canadense comentou: “Não sei como tem gente que não curte jogar. Acho que a galera perdeu totalmente a perspectiva. Claro, cansaço existe, eu também fico cansado com as viagens e tudo mais. Mas somos muito sortudos e abençoados por poder jogar tênis e ganhar a vida com isso. Eu acordo todo dia e aproveito. Se perco, tudo bem, fico chateado um dia, mas é isso. Se quiser jogar menos torneios, fica em casa. Ninguém obriga ninguém a estar aqui.”
Felix começou o ATP Finals com uma derrota para Jannik Sinner, mas se recuperou ao vencer Ben Shelton numa batalha de três sets e, em seguida, superou Zverev por 6-4, 7-6(4) para garantir sua primeira semifinal no torneio.
Durante o China Open, vários atletas da WTA e ATP foram obrigados a abandonar jogos devido a lesões ou exaustão, fortalecendo a preocupação de Swiatek sobre o calendário estar ficando pesado demais. Jogadoras como Beatriz Haddad Maia e Elina Svitolina tiveram de encerrar suas temporadas precocemente para se recuperar.
Outro jogador que entrou na discussão foi o australiano Alex de Minaur, conhecido pela humildade e foco, que ressaltou a preferência dos jogadores pelo modelo de Masters 1000 disputado em uma semana, ao contrário da mudança para o formato de duas semanas adotado recentemente: “O mais difícil é quando você é cabeça de chave e chega à quarta rodada. Você joga essa fase em Indian Wells, depois em Miami, eventos de 12 dias cada. Pode chegar a seis partidas em um mês, o que é pouco. Pergunte para qualquer jogador: todos preferem eventos de uma semana, para jogar e quando acaba, acabou.”
De Minaur teve uma classificação tranquila para as semifinais do ATP Finals, precisando vencer apenas uma partida. Apesar das derrotas nas duas primeiras, a vitória em sets diretos contra Taylor Fritz garantiu seu lugar na fase decisiva do torneio que encerra a temporada.
A discussão sobre o calendário de tênis segue quente, com jogadores pedindo mais equilíbrio entre descanso e competição, enquanto as entidades do esporte mantêm suas regras. No fim, a visão de Auger-Aliassime serve para lembrar que, apesar das dificuldades, jogar tênis profissionalmente ainda é um privilégio e uma paixão para muitos.
Fonte: Yardbarker
