Na noite de sábado no US Open, Felix Auger-Aliassime mostrou porque é um dos jovens mais promissores do tênis mundial ao superar uma verdadeira pedreira: o alemão Alexander Zverev, número 3 do mundo e favorito ao título. Em uma partida épica no estádio Louis Armstrong, o canadense de 22 anos, cabeça de chave 25, virou o jogo para cima de Zverev por 4-6, 7-6 (7), 6-4, 6-4, garantindo sua vaga nas oitavas de final do Grand Slam americano.

Auger-Aliassime não conseguia avançar para a segunda semana no US Open desde sua semifinal em 2021, mas nesta partida ele exibiu um tênis consistente e avassalador, conquistando sua primeira vitória em um Grand Slam contra um adversário do top 5. Após quase quatro horas de batalha (3h48min), o canadense fechou o jogo pouco antes da meia-noite, atrapalhando o início do jogo da noite seguinte.

“É uma sensação muito boa”, disse Auger-Aliassime. “Sou jovem, mas trabalho duro há anos. Talvez muita gente tenha me visto jogar pela primeira vez hoje, e apresentar esse nível em um palco assim significa muito. O torneio não acabou, ainda tem muita coisa pela frente, mas noites como essa me dão força.”

Zverev, que foi finalista do US Open em 2020 e semifinalista do Australian Open neste ano, começou dominando. Quebrou o saque do canadense logo no primeiro game e venceu o primeiro set com facilidade. Mas o ponto de virada veio no tiebreak dramático do segundo set, onde Auger-Aliassime recuperou um cenário quase perdido com jogadas ousadas e até uma sorte ao contar com um toque da rede.

O alemão, visivelmente frustrado com os erros e a crescente confiança do rival, chegou a rebater a raquete no chão após perder uma quebra precoce no terceiro set. O canadense, porém, manteve a calma, sacou firme e usou seu forehand para fazer winners decisivos, mantendo a pressão e controlando as trocas de bola longas. Quando conseguiu uma quebra sem perder pontos no quarto set, a torcida presente no Armstrong já sentia a zebra no ar. Fechou no saque, comemorando com o punho erguido enquanto Zverev deixava a quadra cabisbaixo, numa das suas eliminações mais precoces no US Open desde 2018.

Para Auger-Aliassime, esse triunfo vale muito depois de temporadas irregulares e algumas lesões que podem ter abalado sua confiança. Antes apontado como futuro campeão de Grand Slam, ele admitiu que sua fé no próprio jogo já foi testada: “Passei por altos e baixos, mas nunca larguei o osso. Continuei trabalhando e acreditando. Hoje mostrei do que sou capaz.”

Já Zverev, que aos 28 anos ainda busca seu primeiro título de Grand Slam, se despede do US Open na terceira rodada pela primeira vez em sete anos. Seu desempenho neste verão no circuito americano não foi dos melhores, especialmente depois da estreia precoce em Wimbledon, apesar de uma boa temporada de primavera que teve como destaque a chegada às quartas de Roland Garros.

Na próxima fase, Auger-Aliassime enfrentará o russo Andrey Rublev, cabeça 15, que venceu Cameron Norrie numa batalha de cinco sets. Rublev tem feito boas campanhas em Grand Slams, embora ainda não tenha passado das quartas em nenhuma das suas dez tentativas, e busca avançar para a sexta vez à segunda semana em Nova York.

Entre outros destaques da chave masculina, o italiano Jannik Sinner, atual número 1 do mundo e um dos favoritos ao título, avançou com autoridade ao vencer Denis Shapovalov, do Canadá, em quatro sets, mantendo vivas as esperanças de defender seu título.

No feminino, a polonesa Iga Swiatek mostrou sua garra ao buscar a virada contra Anna Kalinskaya depois de estar perdendo por 5-1 no primeiro set, vencendo o jogo em dois sets e ampliando sua sequência invicta nas partidas noturnas em Nova York. Já o duelo entre Maria Sakkari e a brasileira Beatriz Haddad Maia, que aconteceria logo depois de Auger-Aliassime vs. Zverev, só começou por volta das 23h28 devido à longa duração do jogo do canadense.

Essa demora levantou novamente o debate sobre os jogos terminarem muito tarde nos Grand Slams. Desde o ano passado, o US Open tem uma regra para transferir partidas que ainda não começaram às 23h15 para outras quadras, mas isso não pôde ser aplicado no sábado porque a partida no Armstrong já estava muito avançada.

Fonte: The Guardian