No domingo, durante a final masculina do US Open, um dos torneios de tênis mais prestigiados e tradicionais do mundo, que acontece no complexo do Flushing Meadows, em Nova York, a presença do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mexeu com a atmosfera do Arthur Ashe Stadium. O local, um dos maiores estádios de tênis do mundo com capacidade para 24 mil espectadores, registrou vaias ruidosas, além de filas enormes para a entrada, devido a um esquema de segurança reforçado.

Trump chegou ao estádio cerca de 45 minutos antes do início da partida, usando seu tradicional terno e gravata vermelha longa, e sua entrada foi surpresa para grande parte do público, que ainda estava se acomodando nas arquibancadas. O ex-presidente foi recebido com uma mistura de vaias e alguns aplausos tímidos, enquanto a maioria das cadeiras ainda estava vazia.

Antes da execução do hino nacional dos Estados Unidos, Trump voltou a aparecer e foi novamente vaiado. Durante o hino, o ex-presidente foi mostrado nas telões do estádio e respondeu com uma leve expressão que intensificou o protesto da plateia. Após o hino, ele reconheceu um pequeno grupo de apoiadores próximo ao seu camarote e permaneceu assistindo ao jogo com semblante sério, a maior parte do tempo sem se envolver nas celebrações dos pontos importantes.

O jogo da final foi disputado entre o jovem espanhol Carlos Alcaraz, uma das maiores promessas do tênis mundial, e o italiano Jannik Sinner, que tem se destacado pelo seu talento e consistência. Apesar do público vibrar muito com as jogadas, Trump pouco reagiu durante o confronto, inclusive no momento da conquista do título por Alcaraz.

A presença do ex-presidente trouxe mudanças na organização do evento: o início da partida foi atrasado em 30 minutos para que os espectadores conseguissem passar nas rígidas checagens de segurança, que lembravam aquelas feitas em aeroportos. Mesmo assim, milhares de fãs ficaram na fila e várias cadeiras, principalmente nas partes altas do estádio, permaneceram vazias por quase uma hora.

O Serviço Secreto justificou as medidas dizendo que a proteção de Trump envolveu um “esforço abrangente” e que isso poderia ter contribuído para os atrasos na entrada dos torcedores. Em um comunicado, agradeceu a paciência dos fãs.

Um detalhe curioso é que Trump compareceu à final como convidado da Rolex, marca suíça de relógios, mesmo que sua administração tenha imposto tarifas elevadas a produtos suíços — mais de 39%, o que é significativamente maior do que as tarifas para produtos da União Europeia e Reino Unido.

A Associação de Tênis dos Estados Unidos (USTA), responsável pelo US Open, tentou minimizar a exposição dos protestos contra Trump na transmissão nacional pela ABC, pedindo que o foco ficasse nas partidas e evitassem mostrar as manifestações.

Nos últimos anos, a agenda pública de Trump tem incluído a participação em grandes eventos esportivos, como uma forma de manter sua presença na mídia. Desde seu retorno à presidência em janeiro, esteve em eventos como o Super Bowl, corridas da NASCAR, lutas do UFC e finais de campeonatos de wrestling e futebol.

Nas arquibancadas do US Open, outro comportamento perceptível foi a ausência das tradicionais bonés vermelhos “Make America Great Again” (MAGA), símbolo da campanha de Trump, fato comentado por torcedores como uma tentativa de evitar confrontos.

Entre os presentes ao lado de Trump estavam membros do governo e assessores próximos, além de várias celebridades que acompanhavam o torneio, algumas delas apoiando outras figuras políticas ligadas à oposição americana.

O US Open tem ligação histórica com Trump, que já teve um camarote próprio no local, mas desde 2017, o Trump Organization não mantém mais essa estrutura no evento. Antes de entrar na política, Donald Trump era uma presença constante no torneio, onde costumava assistir às partidas à noite do seu camarote e aparecer nas imagens das transmissões.

Apesar das vaias e controvérsias, a final consagrou Carlos Alcaraz como campeão, reafirmando sua posição como uma das maiores revelações do tênis mundial.

Fonte: Associated Press