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Movimento contra expansão de Wimbledon arrecada £200 mil e judicial review está marcado

19 de junho de 2025 às 14:21

Um grupo de ativistas que luta contra o plano de expansão do All England Lawn Tennis Club (AELTC), responsável pelo famoso torneio de Wimbledon, conseguiu arrecadar £200 mil para custear uma revisão judicial que será realizada no início de julho. O projeto prevê a construção de 39 quadras de tênis e um estádio com capacidade para 8 mil pessoas em um terreno aberto protegido, situado no Wimbledon Park.

O AELTC, que é proprietário da área, defende a iniciativa alegando que a parte do parque onde será realizada a obra ficou “inacessível ao público por quase um século”. Por outro lado, o grupo Save Wimbledon Park expressa preocupações em relação ao impacto ambiental que a expansão pode causar.

Por que a expansão?

Atualmente, as fases de qualificação do torneio de Wimbledon são realizadas a cerca de 5,6 km de distância, no Community Sports Centre de Roehampton, que comporta cerca de 2 mil espectadores por dia. A nova estrutura permitirá que as partidas ocorram no local do torneio, com capacidade para até 10 mil espectadores, podendo receber até 50 mil visitantes diariamente no total do complexo.

Para se ter uma ideia, os outros três Grand Slams (Australian Open, Roland Garros e US Open) já fazem as partidas qualificatórias nas instalações principais ao lado das quadras oficiais. Além disso, o desenvolvimento trará uma modernização significativa nas instalações para os jogadores.

Debbie Jevans, presidente do AELTC, afirmou: “Já estamos muito apertados em termos de espaço. Queremos acompanhar o que os outros Grand Slams fazem para manter Wimbledon no topo do esporte.” Ela complementou destacando a importância da evolução, lembrando que a área era um campo de golfe privado e reforçando os benefícios econômicos locais e nacionais.

Resistência e apoio público

Os planos de expansão começaram a ganhar forma em 2018, quando o AELTC comprou o restante do contrato do Wimbledon Park Golf Club por £65 milhões, antecipando o término previsto para 2041. Após uma aprovação e uma recusa em dois conselhos municipais diferentes e a análise da Greater London Authority, o projeto foi aprovado em setembro passado.

Christopher Coombe, do Save Wimbledon Park, destaca a forte mobilização popular: “Temos um enorme apoio público que quer que lutemos contra isso. A Suprema Corte deixou claro que as autoridades locais devem proteger áreas públicas como essa, mas o conselho de Merton falhou nisso.” O movimento já conta com 22 mil assinaturas em petições e mais de 1.100 doações para o fundo de luta.

Impactos ambientais e preocupações

Especialistas e ativistas alertam para riscos como aumento de enchentes, perda de fauna, árvores e espaços verdes. Susan Cusack, do Save Wimbledon Park, explicou que a obra poderá afetar 73 acres, com escavações entre um e nove metros de profundidade, derrubada de 300 árvores, remoção de outras 500 e emissão de 500 mil kg de carbono na atmosfera.

Simon Wright, outro membro do grupo, chamou atenção para o tráfego pesado de caminhões, previsto em cerca de 44 mil movimentos em 8 a 10 anos, com riscos à qualidade do ar, especialmente perto de escolas e creches.

Por sua vez, Debbie Jevans garantiu que muitos equipamentos serão trazidos ao local para reduzir viagens e que o impacto no trânsito será menor que o dos ônibus que já circulam pela região.

Polêmica sobre uso e proteção do terreno

Quando o AELTC comprou o terreno em 1993, houve um acordo formal que proibia construções ali. Apesar disso, Jevans acredita que o covenant não deve impedir o desenvolvimento, pois o projeto visa o interesse público e a revitalização do espaço.

Entretanto, Simon Wright discorda, ressaltando que o local é classificado como Metropolitan Open Land, situação semelhante à de áreas de preservação, e que permitir a construção poderia criar um precedente perigoso para outras áreas verdes na região de Londres.

Além disso, há críticas quanto ao controle do espaço pelo clube privado, sem supervisão pública, o que para Wright é problemático dado o impacto que o torneio causa na vida dos moradores durante as duas semanas de competição.

Jeans explicou que a maior parte do parque ficará aberta permanentemente ao público e que não haverá construções como hotéis ou estações de trem, mas sim um parque público de 23 acres.

Próximos passos

Além da revisão judicial, foi marcada para janeiro a decisão sobre se a terra está protegida por um truste estatutário para recreação pública, caso que pode impactar diretamente os planos de expansão do AELTC.

Essa disputa envolvendo uma das maiores instituições de tênis do mundo evidencia o desafio de equilibrar a tradição esportiva com a preservação ambiental e os interesses da comunidade local em Londres.


Fonte: BBC News