Quando João Fonseca apareceu como um jovem talento de 17 anos no ATP 500 do Rio de Janeiro em 2023, alcançando as quartas de final e saltando do 730º para o 145º lugar no ranking, todos passaram a acompanhar de perto sua trajetória. A dúvida era se ele conseguiria manter o bom desempenho.

Pois em 2024, Fonseca não só manteve a firmeza, como acelerou de vez. O brasileiro terminou o ano como o número 24 do mundo, mostrando que não é apenas uma promessa momentânea, mas um atleta com potencial para brigar entre os melhores. Com apenas 19 anos, ainda há muito espaço para crescimento, o que já coloca os gigantes do tênis mundial atentos a ele.

De Promessa a Campeão

Em 2024, a regularidade nas vitórias foi clara: Fonseca acumulou 37 jogos ganhos, sendo 11 em nível ATP. Mas conquistar títulos demorou um pouco mais para acontecer. Sua primeira grande vitória veio no Challenger de Lexington, já no fim da temporada, diante de uma forte concorrência, incluindo o também emergente Gabriel Diallo.

A partir daí, as conquistas começaram a aparecer com mais frequência. Ele faturou seu primeiro troféu ATP na Next Gen Finals, em Jeddah, sinalizando que 2025 poderia ser o ano da sua consolidação. Logo depois, dominou o Challenger de Canberra, sem perder sets em todo o torneio. Em Melbourne, mostrou novamente seu potencial, passando pela fase de qualificação, eliminando nomes como Andrey Rublev e caindo só na segunda rodada diante de Lorenzo Sonego.

O grande destaque de Fonseca em 2024 foi em Buenos Aires, no ATP 250 do saibro. Com apenas 18 anos, e diante de uma torcida local que apoiava o argentino Francisco Cerúndolo, ele conseguiu manter a calma e conquistou seu primeiro título na elite, reforçando seu potencial. Essa conquista, junto com a vitória sobre Rublev, mostrou que seu jogo afiado faz jus ao hype.

Ainda que jovem e com momentos de inexperiência, especialmente por às vezes tentar resolver tudo na força do seu forehand potente, Fonseca se mostrou perigoso quando consegue encaixar seu estilo agressivo.

Em março, mais uma prova de seu talento veio com o título no Challenger de Phoenix, uma das competições mais difíceis do circuito de challengers, que atrai jogadores com nível de ATP durante a semana do Masters 1000 de Indian Wells. Diante de adversários duros como Alexander Bublik, Kei Nishikori e Jan-Lennard Struff, Fonseca garantiu mais uma taça.

O Desafio do Saibro na Europa

Com o ótimo início de temporada, as expectativas para o verão europeu cresceram. Favorecido nas disputas no saibro, sua superfície favorita, esperava-se uma boa sequência. Porém, os jogos longos e os pontos trocados em rallies expuseram algumas oscilações, resultando em apenas uma vitória nas quatro primeiras partidas na terra batida.

No Grand Slam francês, Roland Garros, o jovem ainda conseguiu chegar à terceira rodada, trazendo algum alento, mas sem ir além.

Era visível que ele encontrou uma barreira, algo esperado no amadurecimento de um atleta. A reação diante desse desafio foi o que realmente contou para seu crescimento. A temporada de grama também foi dura, especialmente por sua pouca experiência na superfície, mas ele melhorou e chegou novamente à terceira rodada em Wimbledon.

Ajustes no Piso Rápido e Ano Terminando em Alta

No circuito americano de quadras rápidas, a chance de recuperar e avançar era grande. Ainda assim, não foi imediato. Apenas em Cincinnati ele emplacou algumas vitórias consecutivas. No US Open, mesmo com apoio expressivo da torcida brasileira, acabou eliminado por Tomas Machac.

Apesar das dificuldades, Fonseca acumulou pontos semana a semana, num processo gradual que o levou ao Top 50 até o fim do verão norte-americano. Um novo objetivo surgiu: entrar entre os 32 primeiros para garantir cabeça de chave no Australian Open.

No piso indoor, pouco conhecido para ele, o jogo de Fonseca finalmente brilhou. Um bom saque e um forehand potente se encaixaram bem nas rápidas quadras cobertas. Depois de uma derrota inicial em Bruxelas, ele se recuperou em Basel, onde encarou jogos difíceis, incluindo a vitória na final contra Alejandro Davidovich Fokina, conquistando seu primeiro título ATP 500.

Esse triunfo foi crucial, elevando João ao 28º lugar do ranking, cifra que lhe proporcionou ser cabeça de chave em Melbourne. Logo depois, outra vitória significativa em Paris contra Denis Shapovalov fez seu ranking subir para o 24º lugar, posição em que terminou a temporada.

O Que Esperar de João Fonseca em 2025?

Ao encerrar 2024, a pergunta era se ele seguiria na escalada ou se estagnaria. A resposta foi clara: João mostrou que pode competir com jogadores do Top 10 e vencer quando é preciso. Sim, ainda comete erros típicos da idade, mas aos 19 anos, isso é natural.

Agora, o desafio é consolidar seu lugar entre os melhores, evitando regressões. Alcançar o Top 10 está no radar, mas para isso precisará trabalhar mais sua consistência, especialmente no saibro e em jogos melhores-de-cinco sets.

Diante da trajetória rápida que teve — saindo do 730º para o 24º em dois anos — é difícil apostar contra o talento e a evolução de João Fonseca.

Fonte: Last Word On Sports