Nos últimos dias, a jovem tenista Kamila Rakhimova, atualmente número 110 do ranking mundial, anunciou uma mudança importante na sua carreira: a russa de 24 anos decidiu competir sob a bandeira do Uzbequistão a partir de 2026. A notícia repercutiu bastante no circuito, principalmente após o presidente da Federação Russa de Tênis, Shamil Tarpischev, defender que essa mudança “não é uma traição”.
Kamila segue em ação no torneio WTA 125 de Angers, na França, onde tem jogado sem bandeira oficial, enquanto a alteração de nacionalidade aguarda confirmação formal da WTA, prevista para a próxima semana. A decisão de Rakhimova se soma a outros casos recentes de atletas russas que optaram por representar outras nações, em meio ao contexto das tensões geradas pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Além dela, a jovem Maria Timofeeva, de 22 anos, também mudou sua nacionalidade para o Uzbequistão neste ano, enquanto a ex-top 10 Daria Kasatkina deixou a Rússia e agora joga pela Austrália.
Em nota oficial, a Federação de Tênis do Uzbequistão destacou a importância histórica da chegada de Kamila: “Estamos muito felizes em recebê-la em nossa seleção e confiantes de que ela conquistará grandes vitórias, avançará longe e estabelecerá novos recordes representando o Uzbequistão“.
Já Tarpischev, em entrevista ao Tennis World USA, explicou que a motivação da jogadora não é política, mas sim estratégica para garantir uma vaga nas Olimpíadas. “Isso não é traição, é uma vontade de jogar. Ela continua russa, só está mudando sua cidadania esportiva. Essas mudanças acontecem por causa da Olimpíada”, disse o dirigente.
Segundo Tarpischev, com o nível atual do tênis feminino russo, Rakhimova teria poucas chances de entrar na equipe nacional olímpica, já que apenas os jogadores mais bem posicionados no ranking podem competir nos Jogos. Atualmente, há 12 russas no ranking mundial acima de Kamila, incluindo nomes como Mirra Andreeva, Ekaterina Alexandrova, Diana Shnaider e Veronika Kudermetova, além das top 50 Liudmila Samsonova, Anna Kalinskaya e Anastasia Pavlyuchenkova.
Por outro lado, o Uzbequistão conta hoje com duas jogadoras no top 1000 da WTA: Maria Timofeeva, que já foi número 93 do mundo e atualmente ocupa a 142ª posição, e Laima Vladosn, de apenas 18 anos, que saltou da Lituânia para o Uzbequistão. Com a chegada de Kamila, ela passa a ser a principal representante do país.
Na atual edição do WTA 125 em Angers, Rakhimova vem mostrando bom rendimento. Na estreia, atropelou a sensação Alina Korneeva, 18 anos e que treina na Rafa Nadal Academy, com parciais de 6-1, 6-1. Em seguida, disputou uma partida dura e venceu a polonesa Linda Klimovicova (6-0, 6-7(5), 6-3) garantindo vaga nas quartas de final. Lá, espera a vencedora do duelo entre Mona Barthel e a chinesa Shuai Zhang, ex-top 20 do mundo.
Se conquistar o título em Angers, Kamila ainda pode terminar 2024 entre as 100 melhores do mundo, um resultado importante para seu novo projeto de carreira atuando pelo Uzbequistão. Ainda no torneio estão nomes conhecidos da WTA, como a turca Zeynep Sonmez e a americana Alycia Parks.
Enquanto isso, o mundo do tênis acompanha de perto essa guinada na trajetória de Rakhimova, que busca mais espaço e visibilidade em um cenário internacional delicado.
Fonte: Tennis Up To Date
