O tênis masculino americano vive um momento promissor, com jogadores como Taylor Fritz e Ben Shelton entre os dez melhores do mundo em 2024. Ambos brilharam, alcançando semifinais de Grand Slams e conquistando títulos importantes no circuito ATP, mostrando que o tênis dos Estados Unidos tem muito talento emergente.
No entanto, a espera por um campeão americano em um Grand Slam continua — algo que não acontece desde Andy Roddick, vencedor do US Open em 2003. Essa longa ausência de títulos maiores gerou um clima de ceticismo e críticas entre parte dos fãs e da imprensa, que frequentemente desvalorizam os esforços dos jogadores americanos.
Mas essa visão vem sendo questionada. Mark Kovacs, renomado fisiologista esportivo que acompanha o tênis de perto, participou do podcast “The Inside-In Tennis Podcast” e defendeu os atletas americanos, destacando o equívoco de julgar jogadores apenas pelos títulos em Grand Slams.
“Se você está entre os dez ou 20 melhores do mundo, só existem nove ou 19 pessoas melhores que você em todo o planeta. Você está no topo, no auge do esporte, não há muito mais a onde chegar”, comentou Kovacs. Para ele, a forma como os fãs casuais avaliam o tênis frequentemente desvaloriza esses atletas, especialmente quando eles não conquistam títulos de Grand Slam.
Um exemplo dado por Kovacs foi John Isner, gigante com um dos saques mais poderosos e precisos da história, que teve uma carreira invejável. Isner ficou por mais de uma década entre os 20 melhores do mundo, inclusive passando quatro ou cinco anos no top 10. Mesmo sem ter chegado a conquistar um Grand Slam, ele merece reconhecimento por suas conquistas e longevidade no circuito.
Durante sua carreira, Isner disputou 59 torneios de Grand Slam, alcançando dois quartos de final e uma semifinal. O ápice foi em Wimbledon 2018, quando chegou às semifinais. Naquela campanha histórica, Isner enfrentou à distância uma maratona contra o sul-africano Kevin Anderson, que terminou com uma derrota dramática em um set decisivo de 26-24, um dos jogos mais longos da história do tênis.
Aqui está um resumo do desempenho de Isner nos Grand Slams:
| Grand Slam | Melhor resultado | Recorde de vitórias/derrotas | Percentual de vitórias |
—————– | —————————– | —————————– | ———————– |
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Roland Garros | 4ª rodada (2014, 2016, 2018) | 22-14 | 61% |
Wimbledon | Semifinal (2018) | 18-14 | 56% |
US Open | Quartas de final (2011, 2018) | 32-16 | 67% |
Mesmo após 2018, Isner venceu apenas três jogos em Wimbledon até se aposentar em 2023, mas sua relevância para o tênis americano é inquestionável. Kovacs ressalta que o problema do tênis americano não é a falta de talento, mas a forma como os jogadores são reconhecidos e valorizados pelo público e pela mídia.
“Especialmente nos Estados Unidos, se você não está ganhando Slams, você simplesmente não é valorizado tanto quanto deveria”, lamenta Kovacs, destacando a falta de destaque que jogadores top 20 ou 10 recebem em canais e programas esportivos como a ESPN.
Para jovens atletas e fãs que acompanham o desenvolvimento do tênis masculino americano, a trajetória de John Isner representa um padrão de carreira pelo qual vale a pena se espelhar — um exemplo de dedicação e alto rendimento constante, mesmo sem os holofotes de um título de Grand Slam.
Em suma, o tênis masculino americano está sim em boa fase, com nomes fortes e capazes de brigar em alto nível. A mudança precisa vir no reconhecimento desses atletas e na valorização do progresso e esforço que eles demonstram a cada temporada.