Na segunda segunda-feira consecutiva do US Open, onde todos os jogos nos principais courts Arthur Ashe e Louis Armstrong terminaram em sets diretos, um confronto na Grandstand se destacou pela tensão, alta qualidade e um feito histórico. A principal protagonista foi Karolina Muchova, cabeça de chave número 11, que venceu Marta Kostyuk, 27ª cabeça de chave, por 6-3, 6-7(0), 6-3 após 2h53 de jogo. Essa vitória garantiu um feito inédito na Era Aberta: pela primeira vez, três jogadoras tchecas alcançam as quartas de final do US Open.

As três jogadoras conquistaram seus lugares na fase com jogos intensos na 4ª rodada. Antes de Muchova, Barbora Krejcikova salvou oito match points para eliminar Taylor Townsend em um duelo épico por 1-6, 7-6(13), 6-3, enquanto Marketa Vondrousova dominou Elena Rybakina por 6-4, 5-7, 6-2 no domingo. Antes disso, apenas uma vez três tchecas haviam chegado simultaneamente às quartas de um Grand Slam: em Wimbledon 2014, quando Petra Kvitova foi campeã derrotando duas compatriotas nas fases finais.

Karolina Muchova chega à sua terceira quartas de final consecutiva do US Open, tendo sido semifinalista nas edições de 2022 e 2023. Já Barbora Krejcikova e Marketa Vondrousova estão de volta a essa fase pela segunda vez cada, após suas campanhas em 2021 e 2023, respectivamente.

Muito feliz com a conquista, Muchova afirmou: “Estarmos três nas quartas é ótimo para nosso país. Normalmente seguimos caminhos individuais, mas quando nos encontramos nos vestiários, é uma alegria e apoiamos umas às outras. Com a Marketa, especialmente, como somos do mesmo clube, tenho mais proximidade, mas com as duas mantemos uma relação ótima”.

O sucesso constante da República Tcheca no tênis feminino, mesmo sem um sistema estruturado, se deve a oportunidades locais e um forte apoio familiar. Muchova comentou: “Não diria que temos um sistema específico. Eu treinava na cidade onde crescer, sempre buscando técnicas e treinadores. A maioria de nós apoia-se em familiares. Depois, mudei para Praga para um clube maior com mais jogadores e chances de evoluir. O que realmente ajuda é a quantidade de torneios nacionais, que nos permitiram crescer competindo entre nós”.

Outro dado impressionante é a resistência física e mental de Muchova: ela venceu quatro jogos de três sets consecutivos para alcançar as quartas, feito alcançado por apenas 12 jogadoras na Era Aberta, incluindo nomes como Maria Sharapova, Lindsay Davenport e Jennifer Capriati.

Essas conquistas ficam ainda mais notáveis diante das batalhas contra lesões que as três enfrentam. Vondrousova, de 26 anos, completou temporadas completas apenas em 2021 — quando conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio — e 2023, quando levantou o troféu de Wimbledon. Muchova, de 29 anos e finalista do Roland Garros 2022, não disputa um ano inteiro desde 2019 e chegou a jogar com backhand de uma mão temporariamente devido a um problema no punho esquerdo. Krejcikova e Vondrousova retomam a forma após períodos afastadas: a primeira recuperou-se de lesão nas costas que a deixou fora do primeiro semestre de 2025, e a segunda passou por cirurgia no ombro em agosto passado.

Curiosamente, Krejcikova e Vondrousova, ambas campeãs de Grand Slam, alcançaram as quartas de final deste US Open fora do Top 50 do ranking mundial — algo inédito na Era Aberta para vencedoras de grandes torneios.

Apesar das dificuldades e do afastamento do centro das atenções, essas jogadoras mostraram no US Open que a qualidade tcheca no tênis feminino segue muito viva e deve ser sempre respeitada.

Ainda há mais história por vir em Flushing Meadows. Na terça-feira, Marketa Vondrousova enfrentará a primeira cabeça de chave Aryna Sabalenka, enquanto Barbora Krejcikova desafiará a quarta favorita Jessica Pegula. Na quarta-feira, Karolina Muchova duelará com a 23ª cabeça de chave Naomi Osaka, num clássico recente — será o terceiro encontro entre elas nos últimos cinco Grand Slams.

Vale lembrar que, na Era Aberta, duas tchecas já haviam alcançado as semifinais de um Slam simultaneamente em três ocasiões: Roland Garros 1986 (Hana Mandlikova e Helena Sukova), Wimbledon 2014 (Petra Kvitova e Lucie Safarova) e Australian Open 2019 (Kvitova e Karolina Pliskova). Se as três atuais classificadas vencerem suas partidas nas quartas, será a primeira vez na história que três tchecas chegam juntas às semifinais de um Grand Slam.

Acompanharemos com atenção esse capítulo histórico do tênis feminino, que celebra a força e a tradição tcheca na elite mundial.

Fonte: WTATennis