Valentin Vacherot mal consegue esconder o sorriso radiante que tomou conta de seu rosto — até mesmo nas respostas mais simples. Em uma chamada de vídeo direto de Basel, na Suíça, onde já iniciava a próxima etapa da sua carreira como tenista top 40 mundial, ele não escondeu: “Estou muito feliz de estar aqui!”

Essa frase simples carrega um peso enorme para o monegasco de 26 anos. Há poucas semanas, Vacherot era o 204º colocado no ranking mundial da ATP e ninguém imaginava que o tenista, natural do pequeno principado de Mônaco, pudesse romper barreiras tão rapidamente. Hoje, ele é o 39º do mundo e o atual campeão do Masters 1000 de Xangai, um dos torneios mais importantes do circuito masculino.

Antes do título em Xangai, Vacherot enfrentava rotinas difíceis, disputando torneios do circuito Challenger, buscando se firmar. Sua trajetória mudou radicalmente ao vencer a competição chinesa, incluindo uma vitória histórica sobre Novak Djokovic, dono de 24 Grand Slams e uma lenda viva do esporte. De lá, seguiu para Paris para disputar o último Masters 1000 da temporada, onde já passou com autoridade pelo tcheco Jiří Lehečka, atual 18º do mundo, por 6-1, 6-3.

Uma curiosidade emocionante: o próximo jogo será contra seu primo Arthur Rinderknech, repetindo o confronto da final de Xangai. Ambos compartilham uma jornada muito especial que começou há mais de uma década e que passou pelo Texas, Estados Unidos.

Antes do sucesso, Vacherot comemorou o título em Mônaco ao lado do Príncipe Albert, numa recepção que mostrou o quanto seu feito significou para o país com cerca de 40 mil habitantes. Entre eles, somente cerca de 10 mil são nascidos no principado — a população majoritária é formada por expatriados atraídos pelo estilo de vida e benefícios fiscais.

Até então, nenhum monegasco havia conquistado um título de ATP em simples, e a vitória de Valentin virou motivo de festa coletiva, acompanhada por toda a comunidade local e celebrada também pela Federação Monégasque de Tênis.

Suas raízes no esporte são profundas. Filhos de tenistas, Vacherot cresceu frequentando o Monte Carlo Country Club, clube sede do ATP Masters 1000 de Monte Carlo e ponto de treinamento de muitos dos melhores jogadores do mundo, como Grigor Dimitrov e Daniil Medvedev. Porém, seu caminho não foi automático — diferente do primo Arthur, que foi captado cedo para jogar nos EUA, Valentin teve uma caminhada gradual e muita dedicação para aprimorar seu físico e técnica, especialmente após migrar do saibro para as quadras duras no Texas.

O técnico Steve Denton, famoso jogador e agora treinador universitário em College Station, lembra claramente o momento em que descobriu o talento de Vacherot. “Ele tem um enorme potencial atlético e, mais importante, uma flexibilidade mental rara. O mais legal é que ele nunca temeu arriscar nas jogadas”, comenta.

O aprendizado no circuito universitário americano, junto com seu primo, ajudou Vacherot a construir a base necessária para encarar o competitivo circuito profissional, mesmo que os primeiros anos tenham sido marcados por lesões, como a que sofreu no ombro durante o Aberto da França de 2024 e outra no joelho na grama de Wimbledon — situações que o fizeram repensar sua preparação física e mental.

Com o título em Xangai, os ganhos técnicos e psicológicos estão evidentes. Vacherot mostrou que pode reagir mesmo quando está em desvantagem — venceu seis dos nove jogos daquele torneio após sair atrás em sets — e afirmou estar pronto para disputar ainda mais títulos e sonhar alto.

“Se Djokovic quer o 25º Grand Slam, eu quero conquistar mais títulos e quem sabe, nos próximos anos, tentar um Grand Slam também”, declarou o tenista, mostrando sua ambição e determinação.

Agora, o desafio é manter o foco na próxima temporada, administrar a agenda para não se desgastar e trabalhar para consolidar sua ascensão no topo do tênis mundial.

Com uma história que mistura perseverança, suporte familiar e conquistas inéditas para Mônaco, Valentin Vacherot é a revelação que transforma a temporada de tênis em 2025 e promete continuar brilhando nos próximos anos.

Fonte: The New York Times