Aos 45 anos, Venus Williams volta a pisar no palco do US Open, que começa neste domingo, e sua presença é, por si só, histórica. Ninguém com essa idade compete em simples em Nova York desde 1981, tornando sua participação um marco para o tênis.

Mas o que realmente importa vai muito além da idade: Venus está de volta a um Grand Slam após dois anos afastada e, neste retorno, enfrentará na segunda-feira à noite em Arthur Ashe Stadium a tcheca Karolína Muchová, vice-campeã de Roland Garros 2023 e semifinalista duas vezes em Nova York.

“Quero jogar o meu melhor, essa é a minha expectativa comigo mesma: tirar o máximo que posso de mim. E isso é tudo que qualquer jogadora pode desejar”, explicou Venus em entrevista no sábado. “Não joguei tanto quanto as outras atletas, então é um desafio diferente lidar com isso. Por isso, estou focando em me divertir, manter a calma e ser a minha melhor versão.”

Venus voltou ao circuito em julho, 16 meses após sua última partida oficial e menos de um ano depois de passar por cirurgia para retirar miomas uterinos — uma condição que consiste em tumores benignos no útero, muito comum entre mulheres.

Naomi Osaka, campeã de quatro Grand Slams, declarou: “É realmente inspirador. Só não gosto que toda manchete fale sobre a idade dela. Todo mundo sabe quantos anos ela tem. Mas é mais sobre o impacto que essa lenda tem no esporte.”

As irmãs Williams, Venus e Serena (que jogou sua última partida profissional em 2022, também no US Open), marcaram um capítulo único no tênis mundial, na história do esporte em geral e até na sociedade americana. Elas transcenderam resultados e estatísticas, tornando-se símbolos de luta e igualdade, como quando Venus defendeu a equiparação dos prêmios para mulheres em Wimbledon.

“Ela é uma das maiores atletas de todos os tempos”, afirmou Frances Tiafoe, semifinalista do US Open por duas vezes. “Ela e Serena não são apenas importantes para o tênis feminino e para o esporte feminino, mas são verdadeiros ícones.”

A história delas é das mais incríveis: treinadas pelo próprio pai que aprendeu o esporte sozinho, as duas irmãs chegaram ao circuito profissional, conquistaram o topo do ranking mundial e ganharam os títulos mais prestigiados do tênis.

“Acho que as pessoas deveriam valorizar mais elas”, completou Naomi Osaka, que cresceu assistindo as Williams e chegou a enfrentá-las no circuito.

Jogadoras da nova geração, como Coco Gauff, que chamou a atenção ao derrotar Venus em Wimbledon 2019 aos 15 anos, também reconhecem a importância das irmãs. “Eu agradeci muito a Venus por tudo que ela fez. Não estaria aqui se não fosse por ela”, declarou Gauff após o confronto.

Em 2000, Venus se tornou a primeira mulher negra a vencer o campeonato de simples no All England Club desde Althea Gibson nos anos 1950 — um feito que simboliza a quebra de barreiras raciais no esporte.

“Ela tem um impacto enorme… É incrível ver uma lenda jogando e curtindo o que ama”, disse Leylah Fernandez, vice-campeã do US Open 2021. “Não é para provar nada para ninguém, é puro amor pelo esporte, e dá para ver a menina que ela ainda é.”

Quando questionada por que ainda joga, Venus simplesmente respondeu: “Por que não?”

Além dos cinco títulos de simples em Wimbledon e dois no US Open (2000 e 2001), Venus coleciona 14 troféus de duplas ao lado de Serena e dois em duplas mistas — evento do qual participou recentemente em Flushing Meadows.

Desde que as irmãs Williams surgiram — Venus estreou como profissional em 1994, aos 14 anos, e Serena, 15 meses mais nova, logo a seguiu para conquistar incríveis 23 títulos de Grand Slam em simples — elas foram uma inspiração para jovens que se viam nelas e sonhavam em jogar tênis.

No recente torneio em Washington, Venus se orgulhou ao ver três jogadoras negras competindo na quadra em que atuava, ainda por cima vencendo uma partida de duplas no seu retorno.

“É incrível que agora meninas afro-americanas saibam que podem jogar tênis, que essa é uma opção e uma oportunidade para elas também estarem na quadra, seja no profissional, na faculdade ou simplesmente aprendendo com o esporte”, refletiu.

Venus Williams não é apenas sobre resultados — é sobre legado, inspiração e paixão pelo tênis que continua firme e forte no cenário mundial mesmo após quase três décadas de carreira.

Fonte: Waco Tribune-Herald