
Fim dos Juízes de Linha em Wimbledon 2025: Tecnologia Avança e Prêmio Enche os Bolsos dos Campeões
12 de junho de 2025 às 15:35
Em uma mudança histórica no tênis, Wimbledon 2025 será o primeiro torneio em seus 148 anos sem a presença dos tradicionais juízes de linha que sempre foram ícones do evento, reconhecidos por seus uniformes elegantes e posturas agachadas à beira das quadras. O All England Lawn Tennis Club (AELTC), organizador do torneio, anunciou que a aplicação da chamada “chamada eletrônica de linha” (Electronic Line Calling – ELC) substituirá os juízes, alinhando Wimbledon ao que já acontece no Australian Open e no US Open. Curiosamente, o Roland Garros (Aberto da França), com seus jogos no saibro que deixam marcas visíveis na quadra, permanece como o único Grand Slam que ainda utiliza juízes de linha convencionais.
De 300 juízes tradicionais, o quadro foi reduzido para 80 “assistentes de partida”, que atuarão em duplas em cada quadra, auxiliando os árbitros e garantindo o andamento das partidas, além de servir como suporte em casos de falha do sistema eletrônico.
Sally Bolton, CEO do AELTC, comentou em coletiva que essa mudança é parte de uma inevitabilidade com o avanço tecnológico e a adaptação dos torneios ao longo dos anos. “Os próprios juízes reconhecem essa evolução. Muitos já esperavam por isso e agora participam em novos papéis como assistentes”, afirmou.
A tecnologia ELC, que utiliza sistemas precisos de rastreamento da bola, está em uso há mais de 15 anos no circuito mundial, tendo sido inaugurada no próprio Wimbledon em 2007 com o sistema Hawk-Eye que permitia aos jogadores desafiar decisões erradas. Agora, as chamadas são feitas em tempo real, eliminando a necessidade de desafios, embora os atletas possam rever as imagens da marcação quando desejarem.
A tecnologia é especialmente eficaz nas quadras de grama, onde não há riscos de imagens conflitantes como acontecia em eventos de saibro, palco de controvérsias recentes em outros torneios com as marcas visíveis no chão.
Além das novidades tecnológicas, Wimbledon também anunciou um aumento no prêmio total oferecido, que agora chega a £53,5 milhões (aproximadamente R$ 415 milhões), um crescimento de 7% em relação a 2024 e o dobro do que era oferecido uma década atrás. Os campeões individuais receberão £3 milhões (cerca de R$ 23 milhões) cada, o maior valor dos Grand Slams até o momento, superando inclusive Roland Garros e tendo o US Open ainda sem confirmação de seus valores para este ano.
Até os jogadores eliminados nas primeiras rodadas sentirão a diferença, com uma premiação de £66 mil (em torno de R$ 510 mil), alta de 10%. As duplas e as categorias de cadeirantes tiveram aumentos mais modestos, mas ainda relevantes.
Esses reajustes são fruto de reuniões entre dirigentes dos Grand Slams e líderes dos principais circuitos de tênis (ATP e WTA), buscando um diálogo contínuo sobre distribuição de receitas, calendário e o desgaste dos jogadores – temas essenciais para o futuro do esporte, destacou Deborah Jevans, presidente do AELTC.
Jevans, que já jogou Wimbledon e alcançou a quarta rodada do torneio, ressaltou o lado humano dos atletas: “Os tenistas sempre querem mais, e é natural que busquem melhorias no que recebem”.
Por trás dessas discussões está o valor que os Grand Slams repassam aos jogadores, com Wimbledon dedicando pouco mais de 13% de sua receita para premiações.
Outro ponto importante para o torneio em 2025 será o avanço de seu projeto de expansão, incluindo a construção de 39 novas quadras de grama no antigo campo de golfe de Wimbledon Park. Essa ampliação, que quase triplicaria a área atual, permitiria que as fases qualificatórias fossem realizadas no próprio local do torneio, assim como nos outros eventos maiores. Entretanto, isso depende da resolução de batalhas legais em curso, com audiências marcadas para julho de 2025 e janeiro de 2026, enfrentando apelos de grupos locais preocupados com o impacto ambiental e comunitário.
A intenção do AELTC é modernizar e acompanhar os demais Grand Slams, que já promovem eventos mais longos, integrados e com mais atividades paralelas para o público e para a comunidade.
O torneio principal de Wimbledon tem início programado para segunda-feira, 30 de junho de 2025, e promete um espetáculo de alta tecnologia aliado a um dos maiores prêmios do tênis mundial.
Fonte: The New York Times