O tradicional torneio de Wimbledon decidiu não seguir o exemplo do US Open na realização de um evento de duplas mistas com formato diferente e premiação milionária, apesar do pedido da tenista britânica Emma Raducanu para inovar.

No último US Open, a organização rompeu com a tradição ao realizar as duplas mistas em dois dias na semana que antecede o torneio principal, oferecendo um prêmio de um milhão de dólares aos vencedores. A ideia era atrair os maiores nomes do tênis para a disputa, e o esforço deu certo: o evento foi um sucesso enorme, com grandes públicos e repercussão mundial.

No entanto, segundo informações da agência PA, Wimbledon não tem planos para adotar um formato parecido. Diferentemente de outros torneios do Grand Slam, o All England Club não abre seus portões para o público na semana prévia ao torneio principal, já que as fases classificatórias acontecem em Roehampton, um local fora do complexo de Wimbledon.

As partidas de duplas continuam a ser muito populares entre os fãs britânicos, que costumam preferir esse formato, e as arquibancadas com lugares vazios vistas em outros Slams são menos comuns em Wimbledon.

O clube pretende expandir suas instalações para o parque vizinho, o que poderia abrir opções para eventos maiores no futuro, mas o projeto ainda está envolvido em disputas de planejamento e não há novidades a curto prazo.

Outros grandes torneios, como o Aberto da França (Roland Garros), também devem manter o estilo tradicional. Fontes próximas ao Australian Open, conhecido por ser pioneiro em inovações, afirmam que não pretendem modificar o formato de duplas mistas da mesma forma.

A decisão de Wimbledon é uma decepção para Emma Raducanu, que chamou atenção ao formar dupla com Carlos Alcaraz, o jovem espanhol que tem se destacado recentemente no circuito.

Raducanu comentou sobre o formato do US Open diretamente na quadra Arthur Ashe, dizendo: “Seria muito divertido se todos os Slams adotassem algo assim”.

Uma das principais críticas ao evento do US Open foi que os especialistas em duplas – que geralmente compõem a maior parte das duplas mistas – foram praticamente excluídos, exceto o duo italiano campeão Sara Errani e Andrea Vavassori, que chegaram ao título.

Além disso, o formato mais condensado causou debates sobre se o título deveria ser considerado um título de Grand Slam legítimo.

Um dos brasileiros com experiência em duplas, Henry Patten, vencedor de títulos em Wimbledon e Australian Open, expressou opiniões divididas. Ele afirmou sobre o respaldo de Raducanu: “Tenho certeza que a Emma está a favor. Muitos jogadores aceitaram a ideia, principalmente pelo pagamento, já que receberam cachês para participar.”

Ele acrescentou: “Se você quer pagar para os jogadores competirem nos Grand Slams, por que não? Mas se quiser manter a tradição que Wimbledon preserva, provavelmente não.”

Patten concluiu comentando: “O evento foi exatamente como esperávamos, um grande sucesso. Foi legal ver uma dupla vencer. Tomara que no ano que vem deixem mais jogadores participarem.”

Uma defensora entusiasmada da aproximação entre as categorias masculina e feminina é Billie Jean King, que tem 39 títulos de Grand Slam e uma carreira dedicada à luta pela igualdade no esporte. Ela assistiu ao evento ao vivo e declarou: “Foi fantástico ver isso. As mulheres percebem que os homens também erram, e os homens começam a respeitar mais as mulheres. Isso une as pessoas.”

Billie Jean King ressaltou ainda o valor emocional do torneio: “Os vencedores do torneio foram muito representativos para os outros jogadores de duplas. Foi um momento emocionante, cheio de orgulho. Eu adorei.”

Para o público brasileiro e amantes do tênis, essa decisão de Wimbledon representa a manutenção da tradição, mas também levanta a discussão sobre a inovação no esporte e como os formatos de torneios podem evoluir para aumentar o interesse e a competitividade.

Fonte: Wales Online