Depois de anos dedicado ao tênis de simples, enfrentando altos e baixos devido a lesões, o indiano Yuki Bhambri está vivendo uma verdadeira segunda fase em sua carreira, agora focado nas duplas, e colhendo frutos desse novo caminho. Com o neozelandês Michael Venus como parceiro, Bhambri vem mostrando que ainda tem muito a contribuir para o tênis indiano.

Aos 33 anos, Yuki Bhambri ressurge no circuito como uma história inspiradora. Ainda jovem, ele foi considerado a grande promessa do tênis indiano após conquistar o título de simples juvenil do Australian Open em 2009, mas sua trajetória foi interrompida por seguidas lesões nos joelhos. A partir de 2023, porém, Bhambri decidiu renovar seu foco nas duplas, modalidade que exige um estilo de jogo diferente e tem trazido mais constância.

Essa mudança se comprovou na prática durante o US Open de 2025, onde ele e Michael Venus surpreenderam ao chegar às semifinais do torneio, um feito inédito na carreira do indiano em Grand Slams. Para Bhambri, essa campanha mostrou que a mudança não foi só uma questão de necessidade, mas uma escolha consciente que permite a ele brilhar novamente no cenário internacional.

“Chegar a uma semifinal de Grand Slam foi surreal e, ao mesmo tempo, misto de sensações”, contou Bhambri em entrevista exclusiva à Esporte Tênis, no RoundGlass Academy, base de treinos em Chandigarh. “No calor da disputa, nosso foco era vencer; ficamos bem perto da final, então foi um sabor agridoce. Mas olhando para trás, é um marco que poucos jogadores indianos conseguiram atingir.”

Para ele, a jornada no circuito de duplas se assemelha ao recém popularizado formato de críquete T20: rápida, agressiva e que exige velocidade e precisão em cada ponto, ao contrário do estilo mais duradouro e estratégico do tênis individual, comparado por Bhambri aos longos jogos de teste do críquete.

PARCERIA QUE FEZ A DIFERENÇA

A chave do sucesso está na parceria com Michael Venus, jogador experiente, vencedor de Grand Slams e que há muito tempo já era amigo do indiano. Apesar de terem jogado com parceiros diferentes ao longo da temporada de 2025 — inclusive conquistando um título ATP 500 em Dubai com Alexei Popyrin — foi após Wimbledon que seu entrosamento com Venus se consolidou de verdade.

“Michael e eu somos amigos há cerca de 15 anos e sempre conversamos sobre jogar juntos. A sintonia ficou perfeita quando ambos alcançamos rankings suficientes para competir em vários torneios importantes no mesmo calendário”, explicou Bhambri. “Nossas características se complementam: ele tem um estilo agressivo e potente, eu foco em manter a bola em jogo com consistência.”

O compromisso da dupla já está firmado para as próximas temporadas, com planos de buscar ainda mais resultados expressivos.

PRAGMATISMO QUE IMPULSIONA

Mesmo com a amizade, para Bhambri o que manda mesmo são os resultados: “todos nós somos profissionais e o objetivo principal é vencer. A amizade ajuda, mas a sintonia em quadra é essencial.”

Entre as lições aprendidas ao longo da carreira, o indiano destaca a importância do equilíbrio mental para enfrentar os grandes momentos, algo que acredita ter melhorado com a experiência.

“Você precisa estar calmo e focado, não se deixar levar pela ansiedade ou pressão. O preparo físico é fundamental, claro, mas a cabeça faz toda a diferença.”

Ele também comenta sobre seus hábitos fora de quadra, onde gosta de acompanhar outros esportes, principalmente críquete e futebol da Premier League, inclusive participando de ligas de fantasy.

NOVA FASE, MESMA BASE

Desde 2024, Bhambri treina sob a orientação de seu técnico de infância, Aditya Sachdeva, na RoundGlass Academy, em Chandigarh, onde encontra a estrutura ideal para preparar sua carreira renovada.

“Divido meu tempo entre Delhi e Chandigarh, mas a maior parte do treino é com o Aditya. O Michael mora em Londres e a gente se encontra para os torneios, então minha base permanece a mesma”, revela.

O US Open mostrou que Bhambri tem talento para brilhar nas duplas, mas para permanecer no topo, ele sabe que a constância é fundamental.

“É necessário manter o desempenho em alta todo o ano para garantir bons rankings, pois eles são atualizados a cada temporada.”

VISÃO PARA O FUTURO

Com os olhos voltados para o calendário restante de 2025, o foco imediato é aproveitar os próximos torneios para ganhar ainda mais ritmo e confiança. A meta a médio prazo é conquistar posições entre os oito melhores do mundo em duplas, resultado que definiria uma temporada vitoriosa.

O retorno de Bhambri ao circuito, embalado por uma parceria de sucesso e pela estrutura de treinamentos, representa um capítulo novo e promissor não só para ele, mas para o tênis indiano, que já tem na história nomes de peso como Leander Paes, Mahesh Bhupathi, Sania Mirza e Rohan Bopanna, grandes referências em duplas.

“Ter modelos para seguir faz o caminho mais claro. Eu sempre incentivo os jovens a jogarem simples inicialmente para ganhar fôlego e experiência, e depois migrarem para as duplas, que garantem maior longevidade no esporte.”, conclui o atleta.

Fonte: India Today