Depois de rodar por países como Ruanda e Cazaquistão em busca de pontos no ranking, Bernard Tomic fez um breve retorno a Sydney na última terça-feira, jogando no NSW Open em Homebush. Com uma lesão na perna esquerda e um ranking mundial distante dos seus melhores momentos — atualmente em 182º, muito abaixo do pico de 17º do mundo —, Tomic enfrentou o japonês Hayato Matsuoka sob os olhos de apenas 19 espectadores.

Sydney foi palco de uma das maiores conquistas da carreira de Tomic: em 2013, ele conquistou o título do Apia International, torneio que na época tinha muito mais prestígio e que destacou o australiano no circuito. Desta vez, porém, o cenário foi bem diferente, com Tomic visivelmente debilitado e até mancando no início da partida.

O controle da movimentação nunca foi o maior trunfo do australiano, que sempre se destacou por habilidades técnicas acima da corrida em quadra. Aos 33 anos e lidando com uma lesão recente, ele mostrou flashes do talento de antigamente — seu famoso backhand cortado, dropshots ousados e jogadas que já foram comparadas ao francês Fabrice Santoro, conhecido como “O Mágico” do tênis. Contudo, o que dominou a partida foram os sinais claros de um atleta limitado fisicamente.

Após perder o primeiro set por 6-4, Tomic tentou reagir no segundo, mas jogou apenas um ponto antes de abandonar o jogo, encerrando sua participação em apenas 35 minutos. Apesar da curta duração, ele adicionou US$ 1.045 a seus ganhos de carreira, que já ultrapassam US$ 6,6 milhões.

Tomic optou por não dar entrevistas após o jogo, deixando a grande dúvida no ar: por que ele continua competindo? Para tentar entender, conversamos com a lenda do tênis australiano Lleyton Hewitt, que estava presente no evento para assistir ao filho Cruz jogar duplas.

“É difícil dizer, ninguém sabe ao certo. Talvez ele não saiba o que mais fazer ou ainda sinta que tem algo para conquistar no esporte”, comentou Hewitt. “Mas é preciso tirar o chapéu para ele, pelos lugares onde tem jogado e pelos torneios que tem disputado nos últimos anos, comparando com quando estava no auge, enfrentando grandes nomes no centro das atenções.”

Hewitt também reconheceu a garra de Tomic em continuar lutando, mesmo nas condições mais difíceis e nas quadras secundárias. “Falei com ele algumas vezes essa semana, não faço ideia dos planos dele, mas respeito a vontade que ele tem de seguir tentando”, completou.

Apesar de ter participado de sete edições de Grand Slam e enfrentado jogadores de ponta como Andy Murray na Copa Davis, Tomic hoje tenta reencontrar o caminho de volta a um torneio grande pela primeira vez desde que passou da segunda rodada do Australian Open de 2021. A torcida, que chegou a aumentar para cerca de 40 pessoas durante a partida, ainda busca aquele vislumbre do tenista que já foi considerado uma das promessas mais talentosas do esporte.

Questionado sobre a possibilidade de Tomic conseguir retornar aos grandes palcos nesta temporada, Hewitt mostrou algum otimismo, mas também preocupação física: “Existe chance. A maior dúvida é como ele vai aguentar a sequência de jogos intensos, especialmente no calor. Se ele conseguir um chaveamento favorável e cuidar bem das primeiras partidas, talvez apareça renovado para a fase decisiva. Ele ainda tem classe para isso, mas o que ele quer do tênis, só ele sabe.”

Enquanto isso, Bernard Tomic segue sua jornada, entre altos e baixos, tentando resgatar a carreira que um dia encantou fãs ao redor do mundo — mesmo que o caminho seja longe dos holofotes e em quadras menos conhecidas.

Fonte: The Sydney Morning Herald