
Jannik Sinner e o caso de doping: tudo sobre a polêmica suspensão de 3 meses
11 de julho de 2025 às 12:46
O jovem prodígio italiano do tênis, Jannik Sinner, finalmente encerrou sua longa novela com o doping ao aceitar uma suspensão de três meses ofertada pela Agência Mundial Antidoping (WADA). O jogador de 23 anos, número 1 do mundo no ranking da ATP e campeão do Australian Open em janeiro, testou positivo duas vezes para a substância proibida clostebol, um esteroide anabolizante, no ano passado.
O que é clostebol e como Sinner foi pego?
Clostebol é um esteroide anabolizante encontrado em pomadas e sprays usados para tratar cortes e ferimentos superficiais, comum em países como a Itália. É uma substância capaz de melhorar a performance, por isso seu uso é proibido em esportes de alto rendimento. Em 2022, por exemplo, o jogador de beisebol Fernando Tatis Jr. foi suspenso por 80 jogos após testar positivo para o clostebol.
Durante o Masters 1000 de Indian Wells, na Califórnia, Sinner entregou uma amostra de urina com vestígios da substância no início de março, e outra amostra fora de competição oito dias depois também apontou positivo.
Como ele explicou o teste positivo?
A defesa de Sinner revelou que um spray vendido livremente em farmácias da Itália, chamado Trofodermin, usado para tratar um pequeno corte no dedo do fisioterapeuta Giacomo Naldi, foi a origem da contaminação. Naldi, que dava massagens diárias no italiano durante o torneio sem usar luvas, aplicava o medicamento que continha clostebol em seu próprio dedo lesionado.
Sinner sofre de uma condição de pele chamada dermatite psoriasiforme, que causa lesões e facilita a absorção da substância pela pele. A teoria é de que a transferência inadvertida da pomada do fisioterapeuta para Sinner aconteceu durante as massagens, contaminando o atleta sem intenção.
Linha do tempo dos fatos
- 12 de fevereiro de 2024: O preparador físico de Sinner compra o spray Trofodermin em uma farmácia italiana.
- 3 de março: O fisioterapeuta Naldi corta seu dedo ao manusear um bisturi e começa a usar o spray para tratamento.
- 5 a 13 de março: Naldi aplica o spray diariamente em seu dedo e massageia Sinner sem luvas, inclusive auxiliando em exercícios para um tornozelo lesionado do atleta.
- 10 de março: Após um jogo contra Jan-Lennard Struff, Sinner entrega amostras que testam positivo para clostebol.
- 18 de março: Outra amostra antes do Miami Open também acusa a substância.
- 4 de abril: WADA notifica formalmente a primeira infração e suspende o jogador provisoriamente. A suspensão é levantada após recurso imediato de Sinner.
- 17 de abril: Segunda infração comunicada, e novamente a suspensão provisória é suspensa após apelação.
- 30 de maio: Sinner é oficialmente acusado pela International Tennis Integrity Agency (ITIA), responsável pela integridade no tênis mundial.
- 20 de agosto: O caso vem à tona publicamente e o jogador é inicialmente absolvido por tribunal independente.
Por que Sinner continuou jogando?
Apesar dos testes positivos, Sinner teve a suspensão provisória suspensa após recorrer, pois apresentou evidências e explicações convincentes sobre a contaminação acidental. A ITIA conduziu uma investigação rigorosa, com diversas entrevistas e consultas a especialistas anti-doping renomados, que consideraram a explicação plausível e que as concentrações encontradas eram muito baixas para melhorar a performance.
Repercussão entre os jogadores
O caso causou debates acalorados entre atletas. Nick Kyrgios, finalista em Wimbledon 2022, chamou a situação de “ridícula” e defendeu uma punição mais dura. Tennys Sandgren, que já foi às quartas de final do Australian Open, considerou a explicação de Sinner plausível, mas criticou a forma como o caso foi tratado, apontando desigualdade em relação a outros jogadores que enfrentaram processos mais severos por faltas administrativas.
A britânica Tara Moore, suspensa por 19 meses por não cumprir protocolos antidoping, desabafou nas redes sociais, insinuando que “a imagem dos grandes nomes é protegida”, enquanto ela enfrentou punições duras.
Desfecho e lições do caso
Para evitar uma longa batalha judicial, Sinner aceitou a suspensão de três meses oferecida pela WADA. Ele teve que devolver US$ 325 mil e 400 pontos do ranking conquistados em Indian Wells, onde chegou às semifinais, mas escapou de banimento maior.
Com a retirada do recurso pela WADA na Corte Arbitral do Esporte, esse capítulo deve ter chegado ao fim. Sinner segue firme na temporada e com sua imagem praticamente intacta no circuito mundial.
Fonte
Fonte: The Independent