Os americanos Taylor Fritz (#4 do mundo) e Ben Shelton (#6), dois dos principais nomes do tênis masculino, se juntaram à pressão liderada por Jannik Sinner por melhorias significativas na premiação e nas condições oferecidas pelos quatro Grand Slams: Australian Open, Roland Garros (saibro), Wimbledon e US Open.
Nos últimos meses, atletas do top 10 masculino e feminino apresentaram propostas claras às organizações dos Grand Slams, reivindicando um aumento significativo na fatia da receita que recebem. Atualmente, os jogadores ganham entre 13% a 15% do total arrecadado pelos eventos, número considerado baixo se comparado aos 22% oferecidos em grandes torneios do circuito ATP e WTA, como Indian Wells e o Masters 1000 de Roma, que têm premiações empatadas para homens e mulheres.
Além do aumento da premiação, os jogadores pedem que os Grand Slams passem a contribuir regularmente para fundos de bem-estar, que envolvem aposentadoria, plano de saúde e licença maternidade, além de maior diálogo e consulta em decisões importantes, como o calendário e a programação das partidas no meio dos torneios. Estas reivindicações surgiram inicialmente em março e tiveram uma primeira rodada de discussões em Roland Garros, com a presença de Sinner, Aryna Sabalenka e Coco Gauff.
Porém, desde agosto, houve uma greve de respostas por parte dos organizadores dos eventos, que recusaram um pedido de novas reuniões durante o US Open, alegando questões legais relacionadas a um processo aberto pela Associação dos Jogadores Profissionais de Tênis (PTPA), entidade fundada por Novak Djokovic em 2021. Esta falta de diálogo fez com que os jogadores começassem a se manifestar publicamente, demonstrando frustração.
Shelton deixou claro ao jornal The Independent que “essa é a primeira vez que jogadores da ATP e WTA vêm juntos dessa forma, e é crucial mantermos unidade em temas que impactam todos os profissionais”. Ele destacou que a questão principal não é apenas o dinheiro para os tops, mas garantir que todos jogadores tenham voz e suporte, especialmente os atletas de ranking mais baixo que dependem das premiações iniciais para bancar suas viagens e despesas durante a temporada.
Taylor Fritz reforçou a crítica às atuais estruturas de premiação: “No tênis, os jogadores ficam com uma parcela muito menor das receitas em comparação a ligas como NBA e NFL, que dividem cerca de 50% com seus atletas. Nos Grand Slams, essa divisão está na faixa dos 13% a 15%. Queremos apenas que os Grand Slams estejam alinhados com os maiores torneios ATP e WTA.”
Em 2023, o US Open ofereceu o maior valor da história dos Grand Slams, com um total de £63,8 milhões, um aumento de 21%. Os campeões Carlos Alcaraz e Aryna Sabalenka ganharam cerca de £3,8 milhões cada. Wimbledon teve um aumento de 7% na premiação, totalizando £53,5 milhões, sendo £3 milhões para os campeões de simples, além de melhorias continuadas em infraestrutura. Ainda assim, os jogadores sustentam que o valor destinado a eles é insuficiente em relação à receita total dos eventos — em 2024, Wimbledon destinou apenas 12,3% de sua receita anual para premiações.
Além do aumento da premiação, um ponto crítico nas negociações envolve a contribuição oficial dos Grand Slams para fundos de bem-estar dos atletas, área que atualmente depende somente da ATP e WTA, que repassam cerca de US$ 80 milhões anualmente para pensões, saúde e licença maternidade.
Outra grande preocupação dos jogadores é o calendário do tênis, que vem sendo pressionado por seu tamanho e intensidade, causando desgaste. Os Grand Slams já discutem com ATP e WTA a criação de um circuito premium mais enxuto, com dias extras de torneio (como os 15 dias adotados em alguns eventos) para dar mais fôlego aos atletas. Essa conversa sobre calendário e premiação pode – e deve – avançar lado a lado.
O All England Club, que organiza Wimbledon, afirmou estar aberto ao diálogo construtivo para aprimorar o esporte e beneficiar jogadores e fãs. Apesar disso, a PTPA segue firme na luta por mudanças estruturais, inclusive movendo ações judiciais contra as entidades de tênis, pela falta de transparência e desrespeito ao bem-estar dos atletas.
A pressão de Fritz, Shelton, Sinner e outros nomes do circuito promete ser o destaque nos meses que vêm, um momento decisivo para o futuro das relações entre jogadores e organizações dos maiores torneios do planeta.
Fonte: inkl
